Assassin’s Creed

Por André Roedel

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Adaptações cinematográficas de jogos de videogame nunca tiveram tanto sucesso – principalmente por conta da qualidade duvidosa. Fracassos de público e crítica como Tekken, Street Fighter e o inesquecível (de tão ruim) Super Mario Bros. deram má fama a esse tipo de filme. O único que parece ter aguentado foi Resident Evil, que já vai para seu sexto filme – mas que teve que encontrar um público fora de seu nicho para fazer certo sucesso.

Assassin’s Creed era a grande esperança de que um filme baseado em games desse certo. Era. A adaptação da franquia de sucesso da Ubisoft pode até agradar os fãs, mas como filme deixa a desejar. Isso porque os problemas sobrepujam os acertos, fazendo a produção desandar legal.

Pra começar é importante eu informar que nunca joguei um jogo da franquia Assassin’s Creed. Daí você pode pensar: “ah, então não tem moral para falar sobre o filme”. Não é bem assim, porque uma adaptação tem que funcionar independente das referências que o espectador tem. Ainda mais uma que tem aspirações de fazer uma grade bilheteria.

Sendo assim, eu não preciso conhecer o universo – muito interessante, por sinal – para emitir uma opinião. Assistir ao filme basta. A ideia dele é muito bacana, assim como seu elenco. Na produção, vemos Michael Fassbender (sempre muito bem) como Callum Lynch, um condenado que descobre ser descendente de um membro da Ordem dos Assassinos – uma organização secreta que luta contra os Templários para assegurar o livre arbítrio da humanidade.

Callum então, através de um programa desenvolvido por Sofia e seu pai Rikkin (interpretados por Marion Cotillard e Jeremy Irons, canastrões até o último), passa a reviver através de memória genética as aventuras de Aguilar, seu ancestral espanhol do século XV. Toda a proposta não é lá tão original, mas instiga e impressiona em certos momentos. As cenas de ação, recheadas de parkour, também são bem feitas e dão uma animada na obra.

Porém, além das atuações ruins dos coadjuvantes, o filme desanda por conta de seu roteiro ruim, que faz o espectador que não conhece o game se perder muitas vezes. O primeiro ato é muito confuso. No segundo, as coisas melhoram um pouco. Já no terceiro ato, onde geralmente é inserido o ápice, nada de tão diferente acontece e quem assiste tem a impressão de que algo ficou faltando – ou foi tirado pela edição, que também deixa a desejar.

Enfim, Assassin’s Creed poderia ser a redenção das adaptações de games, mas não foi dessa vez. Tem um visual muito bom, mas que acaba desperdiçado por conta de alguns erros (ah, e veja na versão convencional. A 3D não presta). Melhor sorte à Ubisoft e à Fox Filmes (e também ao diretor Justin Kurzel) numa possível nova empreitada. Mas, nesta, que parece um tanto subaproveitada, o ingresso só vale para quem realmente curte os jogos.

Nota: 6/10