Autismo: a importância da conscientização

A técnica em enfermagem fala sobre os desafios na criação dos filhos Leonardo e Caio (Foto: Arquivo pessoal)

Neste sábado (02) é comemorado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, que é um transtorno no desenvolvimento neurológico da criança que gera alterações na comunicação, dificuldade (ou ausência) de interação social e mudanças no comportamento, sendo geralmente identificado entre os 12 e 24 meses de idade.

De acordo com a fonoaudióloga Dra. Rosa Maria Rodrigues Antonio, pessoas com autismo “podem apresentar algumas características específicas, como manter pouco contato visual, ter dificuldade para falar ou expressar ideias e sentimentos, e ficar desconfortáveis em situações sociais”, além de apresentar comportamentos repetitivos, “como ficar muito tempo balançando o corpo para frente e para trás, por exemplo”.

Ainda de acordo com a profissional, é importante ressaltar que o autismo “não é uma doença, mas sim um modo diferente de se expressar e reagir, que, apesar de não ter cura, não se agrava com o avanço da idade. No entanto, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e iniciado o tratamento, melhores serão a qualidade de vida e a autonomia da pessoa”.

 Em Itu, existe a AMAI (Associação Amigos dos Autistas de Itu), fundada em 1993, que tem como objetivo promover e articular ações para o desenvolvimento de programas de educação, saúde e serviço social visando à inclusão à vida comunitária, o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, assim como a autonomia, segurança e dignidade para o exercício da cidadania da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

 Nesta semana, o JP conversou com a técnica em enfermagem Renata Wernersbach, mãe de Leonardo, de 16 anos, e de Caio, de 13 anos, que foram diagnosticados com autismo antes dos dois anos de idade. À reportagem, ela comentou a respeito dos desafios.

 “A gravidez do Léo foi totalmente planejada, eu contei até os dias e eu nunca imaginei. Eu segui tudo, segui o pré-natal certinho, tomei tudo o que precisava de vitaminas. Quando ele nasceu, foi parto normal, programado, e a gente foi pra casa. Já com três dias de vida eu achei que ele tinha algum problema de audição, porque ele não reagia a estímulos, barulho de campainha, telefone tocando, ele nem piscava”, recorda.

“Aí eu o levei na fonoaudióloga, fez todos os testes e provou que ele ouvia normalmente e ele foi desenvolvendo e a gente notou que ele tinha algumas manias, sons que ele fazia, ataques de riso do nada, sem parar, e fazia alguns movimentos com a mão. Daí, com menos de dois anos, veio o diagnóstico de autismo e é bem raro, porque o diagnóstico hoje em dia é feito com a criança com mais idade”, recorda.

Logo após o diagnóstico, ele começou a a frequentar a AMAI. “Logo eu fiquei grávida do Caio e o médico ainda me falou que, se fosse menino, tinha uma grande chance de vir autista também. Quando fiz o ultrassom e vi que era menino, eu já comecei a trabalhar minha cabeça com a possibilidade de que seria autista e realmente ele veio”, explica.

Assim como no caso do Caio, o diagnóstico foi rápido. “Só que o Léo é autista ‘clássico’ e tem o retardo mental severo. Ele não fala, não se veste sozinho, não sabe escovar o dente sozinho, não toma banho sozinho, ele não tem autonomia nenhuma. O Caio não, ele está alfabetizado, vai à escola, faz as coisas sozinho, inclusive ele ajuda muito a cuidar do irmão”, conta Renata.

Sobre como foi após o diagnóstico, a técnica em enfermagem explica que no começo foi bem difícil. “Eu estava me adaptando com as limitações dele [Léo] e daí veio o outro [Caio] com as mesmas condições, foi bem difícil para mim e para o pai deles [Alexandre Nitta], mas aí, conforme eles foram crescendo, foi melhorando as coisas”.

Renata destacou a importância de se buscar um diagnóstico precoce. “A gente nunca negou a condição deles, já procuramos tratamento cedo e isso é muito importante, tem pais que negam, ficam muito tempo em negação e isso prejudica muito o desenvolvimento da criança”, frisa.

 “A melhor coisa é a aceitação dos pais, da família. Hoje em dia, quem vê meus filhos, a gente conseguiu estabelecer uma rotina com eles. Eles não dão um pingo de trabalho”, destaca a mãe, que fala ainda que a personalidade dos dois é totalmente diferente. “Por mais que o Léo não fale, não converse, a gente consegue entender tudo o que ele quer. Ele é amoroso, carinhoso, mais sossegado e o Caio é mais nervoso, mas nenhum dos dois é agressivo”, destaca.

“A gente já aprendeu a lidar com os dois e graças a Deus há uma harmonia muito grande e tem o meu filho mais velho [Philippe, de 22 anos, que não é autista] também que me ajuda muito com os dois, se não fosse ele e o pai deles eu não sei o que seria de mim”, enaltece Renata.

A técnica em enfermagem conclui. “Meus filhos são perfeitos, eles não têm nenhum problema de saúde, mas sim um problema de socialização. Para mim eles são perfeitos, eu não trato ele como se tivessem um problema de saúde, que eles não têm, são crianças felizes, normais. Só têm esse problema de comunicação. Eu agradeço a Deus todos os dias”.