Benéfico e dinâmico: as vantagens dos exercícios funcionais
Ao contrário do que muitos pensam, o treino não se limita apenas aos apaixonados pela vida fitness
Exercícios que auxiliam a rotina, sem cair na rotina. Pode ter ficado difícil de entender, mas a explicação do preparador físico, Gabriel, proprietário de um estabelecimento especializado em cross training, é esclarecedora: “Você vai carregar as sacolas do supermercado, vai sentar para comer, vai guardar o pote de arroz na prateleira sem sentir aquela pontada nas costas, por causa do treinamento funcional. Os exercícios daqui são transferidos para o dia-a-dia”, exemplifica o especialista.
Essa nova prática de exercícios possui um viés bem diferente do que as academias convencionais oferecem. Enquanto o treino padrão constitui-se em repetições feitas com uma máquina, a prática de cross training força o indivíduo a pensar para treinar. “Trabalhamos com a coordenação motora, equilíbrio, manutenção do ritmo diário, agilidade, flexibilidade… Tudo isso para auxiliar desde um jovem, lesionado ou não, até o idoso com dificuldades em amarrar o cadarço, por exemplo”, complementa.
O treino (nada monstruoso)
O exercício funcional engloba e possui efeitos como emagrecimento, ganho de massa muscular e condicionamento físico, porque se trabalha o corpo como um todo, e não apenas um músculo ou outro. Ou seja, não há treinos específicos para força, para velocidade ou para resistência; todas essas capacidades humanas dependem uma da outra e se completam. O especialista compara com uma reação em pirâmide: “Primeiro, eu preciso do alicerce. Se eu não tiver flexibilidade, mobilidade, estabilidade e coordenação motora, eu não consigo trabalhar a resistência, a agilidade e a precisão, que ficam no meio da pirâmide. O topo é tomado pela força e potência. Então, se eu não tiver o alicerce e o meio, eu não vou chegar ao topo.”
Outro diferencial do cross é quanto ao número de pessoas na aula. São feitas aulas com, no máximo, doze alunos, que tem atenção completa de dois orientadores: o próprio preparador e um assistente de confiança. Eles querem garantir que o aluno tenha toda a ajuda que for necessária, sem que se torne algo totalmente individual. “No final de cada aula, todo mundo se cumprimenta, se conversa e se ajuda. Além disso, rola muito treino em dupla ou em grupo, sem vaidade. Eu também costumo fazer um treino maior para reunir todo mundo em alguns sábados, e, usamos competição para o bem, a fim de estimulá-los a treinar e se superar” Ressalta o preparador físico.
Refletindo as intenções
A maioria das pessoas procura o treinamento funcional com a finalidade de emagrecer. O especialista explica que perder peso é diferente de emagrecer. “Emagrecer é perder gordura corporal e ganhar massa muscular. Perder peso é ver a alteração na balança, independentemente de como tenha chegado nessa alteração – o que, muitas vezes, pode não ser da maneira mais saudável. Bastante gente chega aqui querendo só o resultado estético, mas, com o tempo, percebem que conseguir aumentar o peso na barra ou a altura do salto é muito mais gratificante que diminuir medidas”.
Ao contrário do senso comum, não são apenas as calorias que determinam se o treino foi eficiente. Para chegar a bons resultados e ter uma rotina benéfica ao corpo e à mente, além de evitar lesões, é primordial elevar a temperatura do corpo, por meio do alongamento seguido de aquecimento, antes do início da atividade física.
Cuidados
Vale ressaltar que o fato de não serem aulas individuais não quer dizer que não sejam específicas para cada aluno. O profissional prepara um treino por dia para todas as aulas e o adapta às condições de todo mundo, conforme a idade, a algum tipo de lesão que a pessoa tenha, a resistência e etc. “O aluno que vem com problema no joelho, no caso do agachamento, vai usar um equipamento diferente, de modo que o exercício seja mais leve, para evitar a dor; e a ideia é a gente dar qualidade para ele poder representar isso no dia a dia dele”, explica.
É importante que o indivíduo procure orientação especializada e faça uma avaliação médica antes de iniciar qualquer atividade. Alguns tipos de exercícios, como o abdominal, a prancha e a elevação de calcanhar, que não precisam de equipamentos, podem ser feitos em casa ou ao ar livre, desde que quem execute tenha total responsabilidade do que está fazendo e consciência de sua atual limitação. Porém, nem todo exercício físico é simples de ser feito e o condicionamento físico varia de pessoa para pessoa. Por isso, o ideal é sempre ter o norte de um profissional.