Brasileira relata ida ao velório do Papa Francisco

Milhares de pessoas acompanham no Vaticano o velório do Papa Francisco (falecido no dia 21 deste mês), entre elas a brasileira Isabella Brites, de 26 anos. Nascida e criada na cidade de São Paulo, há pouco mais de um ano ela cursa Administração e Política pública na Universidade de Bolonha.
Neta da moradora de Itu Cândida Brites, Isabella relata ao Periscópio que foi ao velório após uma conversa com sua avó. “Ela gostava muito do Papa Francisco, ela foi na Jornada Mundial da Juventude em 2013 e foi lá conhecê-lo. Ela me disse se não tinha como eu ir até lá [o Vaticano] rezar um pouco”, conta.
“Meu avô [Décio Brites] faleceu esse ano [ele acompanhou Cândida, sua esposa, na JMJ em 2013] e vi que seria muita experiência muito legal para mim, pois eu ainda não conhecia Roma e seria muito emocionante para ela, pois tinha foto dela com o meu avô quando o papa veio para o Rio de Janeiro”, diz a estudante.
Isabella chegou ao Vaticano na terça-feira (22). “Eu fui lá quando eles estavam rezando o rosário para o Papa Francisco na Basílica de São Pedro, na noite anterior [ao início do velório]”.
Na quarta-feira (23), pela manhã, a estudante que estava hospedada em Roma retornou ao Vaticano para o velório. “Saí do meu hotel às 7h peguei um metrô para a Basílica. Em 20 minutos eu cheguei perto do Vaticano. Para entrar a segurança estava muito reforçada. Tinham os seguranças normais do Vaticano e do Exército Italiano”, relata.
Isabelle ficou uma hora na fila para poder entrar no Vaticano. Ao JP, ela revela que foi uma experiência muito interessante. “Vi pessoas de todo o mundo, gente falando russo, espanhol, italiano, inglês e outras línguas que nem sabia. Eu estava sozinha e estava escutando bastante as pessoas conversarem e você via a pluralidade de culturas e nações. Foi muito incrível”.
A estudante, que também encontrou por lá grupos de brasileiros de diferentes idades, assistiu a uma missa por volta das 9h, antes de ingressar na Basílica de São Pedro por volta das 11h, quando teve início o velório do pontífice.
“A Basílica em si estava fechada, diferente do dia anterior. Só deixaram aberto o corredor central e, bem no centro, no altar tinha o corpo do papa. Na fila você podia tirar fotos e quando chegava à frente do corpo, você poderia tirar fotos, mas tinha que ser ágil para não ficar ninguém parado. Tinha que olhar rapidinho e sair. Eu vi rapidinho, tirei todas as fotos que consegui, fiz uma oração rapidinho e sai. Estava muito lotado”, conclui a brasileira, que retornou para Bolonha naquele mesmo dia.
Funeral e conclave
O corpo do Papa Francisco foi trasladado até a Basílica de Santa Maria Maior, onde foi sepultado às 13h30 (horário local) do último sábado (26), conforme pedido do pontífice. O enterro ocorreu após a missa de Exéquias na Basílica de São Pedro. De acordo com o Vaticano, cerca de 150 mil pessoas se posicionaram nas ruas de Roma para prestar homenagens, se despedir de Francisco e acompanhar a passagem do cortejo.
O túmulo, por escolha do próprio papa, é simples – composto apenas pela inscrição “Franciscus” e uma cruz ao centro. Um detalhe, entretanto, dá caráter pessoal ao local: o túmulo foi construído com uma pedra extraída da região da Ligúria, na Itália, onde nasceu o bisavô do pontífice.
Já na manhã de segunda-feira (28), o Vaticano divulgou a data de início do próximo conclave: 7 de maio. Em nota, a Santa Sé informou que a data foi definida por cardeais reunidos em Roma para a 5ª Congregação Geral. De acordo com o comunicado, o conclave vai acontecer na Capela Sistina do Vaticano, que permanecerá fechada para visitantes até que a eleição do novo pontífice, que sucederá a Francisco, seja concluída. (Com informações da Agência Brasil)
Papa era jesuíta, como os ‘pioneiros’ do futebol no Brasil – e em Itu
Não há muitas relações entre o Papa Francisco e a cidade de Itu. Por óbvio, ele nunca esteve aqui. Mas uma pequena curiosidade coloca o município ituano e o religioso na mesma frase.
Em fevereiro de 2014, a então presidente da República Dilma Rousseff (PT) revelou ao sumo pontífice, durante encontro no Vaticano, que o futebol no Brasil teve início em Itu, mais precisamente no Colégio São Luiz (onde atualmente está localizado o Regimento Deodoro), em 1880.

A “polêmica”, conforme disse Dilma, foi levantada pelo professor José Moraes dos Santos Neto no livro “Visão do Jogo: Primórdios do Futebol no Brasil”. Vale destacar que o argentino Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, sempre foi apaixonado por futebol e torcedor de carteirinha do San Lorenzo de Almagro.
“Eu até ler esse livro achava que era o Charles Miller (que havia trazido o futebol ao Brasil). E ele diz o seguinte, que não foi o Charles Miller, que o futebol chegou ao Brasil através dos jesuítas. E até falei isso para o papa”, disse a presidente em entrevista aos jornalistas após o encontro com o argentino – que recebeu vários presentes referentes ao futebol, como uma camisa do Brasil assinada por Pelé.
O encontro e o conteúdo da conversa foi repercutido na época em matéria de autoria do jornalista André Roedel (atualmente chefe de redação do Periscópio) no site Itu.com.br.
Relembrando o encontro da ex-presidente com o papa, que era jesuíta, o JP conversou com o historiador e professor ituano Luis Roberto de Francisco, que à reportagem comentou sobre a relação da cidade de Itu com os jesuítas.
De acordo com o historiador, a presença dos jesuítas italianos em Itu foi muito significativa. “Por 127 anos esses missionários viveram aqui. Em 1865 chegou o primeiro grupo, vindo de Roma para fundar o Colégio São Luís, o maior colégio do Brasil daquele tempo, com mais de 600 alunos internos, que formou uma elite política e profissional na segunda metade do século XIX”, explica.
“Do ponto de vista religioso, na Igreja do Bom Jesus, o padre Taddei fundou e dirigiu o Apostolado da Oração, grupo de leigos mais influente do país, no período, que contava mais de uma milhão de membros em 1910, verdadeira revolução no comportamento católico. Por essas iniciativas e tamanha visibilidade dos jesuítas diante do clero brasileiro, com uma revista mensal, editada aqui o ‘Mensageiro do Coração de Jesus’ e o Santuário Geral do Apostolado da Oração, recebendo milhares de peregrinos, a cidade foi considerada ‘Roma Brasileira’”, prossegue o professor.
“A saída da Companhia de Jesus de Itu, em 1992, atitude arbitrária de um grupo de jesuítas, arrefeceu o movimento católico na cidade”, acrescenta Luis Roberto. Sobre as origens do futebol no Brasil, o historiador explica que “de fato, houve uma primeira iniciativa do futebol, na década de 1880, no Colégio São Luís. O padre Giuseppe Mantero, reitor, esteve na Inglaterra e trouxe a prática do ‘bate-bolão’, ainda sem os times adversários, como conhecemos”, conclui.