Caixa d’água sem vedação adequada contribui para proliferação da dengue e outras doenças
Os números de casos de dengue no país apontam o que muitos especialistas já alertavam: o pico dos casos de dengue no Brasil nos meses de abril e maio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o atual surto da doença caminha para ser o pior da história na América Latina.
Apesar de todos os esforços públicos para controle da doença, o principal foco de transmissão da dengue está dentro das casas, o que reforça a necessidade de cuidados com os recipientes que podem armazenar água.
Nesse cenário, um dos itens que muitos não costumam dar atenção é a caixa d’água. Devido ao difícil acesso, por estarem localizadas nos telhados, a falta de cuidado pode transformar esses reservatórios em meios de transmissão da doença.
Segundo o engenheiro de laboratório da Culligan, Alexandre Mariz, chuvas com ventos fortes ou mesmo a falta de manutenção são alguns dos motivos que danificam as tampas das caixas d’água, evitando a vedação. O especialista afirma que este é o principal erro que pode ser cometido, por conta da contribuição para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras doenças, como gastroenterites, hepatite A e leptospirose.
“A caixa d’água é o principal reservatório da casa de uma família e está diretamente relacionada à qualidade do líquido para nosso consumo. A responsabilidade da qualidade da água dentro das casas é do cidadão, que deve garantir um ambiente controlado de acordo com a recomendação dos fabricantes das caixas”, alerta o engenheiro.
De acordo com Mariz, a higienização das caixas deve ser realizada a cada seis meses ou quando o morador percebe a presença de um material “gelatinoso” nas paredes. “A presença deste material indica a formação de biofilme, ou seja, impregnação microbiológica na superfície do reservatório, o que representa um comprometimento da qualidade da água para consumo”, ressalta.
Um dos fatores que levam a proliferação deste material nas paredes da caixa d’água é a diminuição da concentração de cloro na água. O especialista explica que, se a concentração de cloro é inferior a 0,2 mg/L, permite a proliferação de microrganismos que oferecem riscos ao organismo humano.
O engenheiro conta que a concentração de cloro diminui quando a água fica muito tempo parada, sem consumo. Por isso, diz ele, quando a família fica alguns dias fora de casa, é recomendado que o registro de abastecimento da caixa seja desligado para evitar que ela encha.
“Ao retornar, essa água não deve ser utilizada para hidratação ou para cozinhar, apenas para a higienização. Apenas depois do esvaziamento completo, a caixa d’água deve voltar a encher e o consumo continuar”, detalha.
Como realizar a higienização?
Com o registro de entrada de água fechado, o morador precisa utilizar a água armazenada até ficar com apenas 20 cm de altura de água no reservatório (aproximadamente um palmo). Com uma escova de fibra vegetal ou de plástico, é preciso esfregar as paredes da caixa para retirar todo o resíduo. “Não se deve utilizar detergente ou outros produtos, muito menos escova de aço ou vassoura, pois pode danificar o material”, ensina Mariz.
Em seguida, o morador deve utilizar um pano limpo e um balde para retirar a água que fica no fundo da caixa e secar com um pano limpo. Retirada toda água utilizada para a limpeza, o morador deve abrir o registro de entrada de água até chegar a 20 cm de altura e adicionar dois litros de água sanitária.
“Com a ajuda de um balde, o morador deve passar essa solução nas paredes da caixa e deixar descansando por duas horas. É preciso verificar, a cada 30 minutos, se as paredes secaram. Se sim, passar a solução quantas vezes forem necessárias até completar o tempo. Após esvaziar a caixa abrindo todas as torneiras, lembrando que esta água não deve ser utilizada de forma alguma, é necessário enxaguar as paredes e fundos, descartar o líquido e abrir o registro de entrada de água”, diz.
O especialista ainda ressalta que essa primeira água deve ser utilizada para limpeza da casa e a caixa deve ser novamente bem fechada. “Anote a data da higienização para programar a próxima”, finaliza.