Cinerama: Zona de Interesse

Livremente adaptado do livro homônimo de Martin Amis, “Zona de Interesse” explora o conceito de banalidade do mal desenvolvido pela  filósofa política alemã de origem judaica Hannah Arendt. No filme vencedor do Grande Prêmio do Festival de Cannes e indicado ao Oscar em cinco categorias, acompanhamos a vida da família de um comandante do campo de concentração de Auschwitz – local que já foi cenário de diversas obras cinematográficas e que está no imaginário de todos os que se interessam pelo tema. 

Mas, diferente de outros filmes, aqui o foco fica para o lado de fora dos muros do complexo, mais precisamente no dia a dia dessa família que se aproveita do status do patriarca. Enquanto o sofrimento dos judeus acontece lá dentro (e o espectador só imagina através do primoroso trabalho de som, já que nada é mostrado de fato), do lado de fora os Höss vivem normalmente e com conforto. 

É esse o objetivo do diretor e roteirista Jonathan Glazer: mostrar que o horror do Holocausto não foi só causado pelo alto comando nazista, mas também por quem cruzou os braços e até lucrou com o esse sofrimento. Gente que se silenciou e seguiu seus interesses, mesmo morando ao lado de um campo de extermínio. A verdadeira banalização do mal. Com um roteiro contundente, edição de som caprichada e boas atuações (em especial de Sandra Hüller), “Zona de Interesse” é um filme que vale a pena conferir e refletir.

Nota: ★★★★

Um comentário em “Cinerama: Zona de Interesse

  • 07/03/2024 em 11:28
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    Filme bom que trata com naturalidade o cotidiano de uma família nazista. Tudo é narrado com muita tranquilidade e paz frente aquilo que é vivido como terror para os judeus. Toda essa atmosfera explica de forma simples e objetiva a banalidade do mal muito bem descrito no texto do jornal. :)

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