Com Isabelle Huppert, “Belas Promessas” estreia nos cinemas nesta quinta

Huppert interpreta Clémence Collombet, ex-médica e prefeita de uma cidade empobrecida nos arredores de Paris (Foto: Divulgação)

As maquinações políticas estão sempre em pauta e são o tema de “Belas Promessas”, dirigido por Thomas Kruithof e que traz Isabelle Huppert e Reda Kateb como protagonistas. Exibido na Mostra Horizontes do Festival de Veneza, o longa, distribuído pela Pandora Filmes, estreia no Brasil nesta quinta-feira (02), nas seguintes praças: São Paulo, Rio de Janeiro, Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Niterói, Porto Alegre, Recife e Salvador.

Huppert interpreta Clémence Collombet, ex-médica e prefeita de uma cidade empobrecida nos arredores de Paris. Sua carreira está perto do fim, logo serão as eleições e ela espera abandonar a política. Ela é honesta e competente, mas sem grandes ambições. Porém, um convite para integrar um ministério pode mudar seus planos e sua visão de mundo. Já Yazid Jabbi (Reda Kateb) é seu chefe de gabinete e começa a bater de frente com ela.

Diretor do filme “Mecânica das Sombras”, Kruithof explica que a política é onde tudo acontece, e, por isso, esse tema o atrai. “Depois das eleições presidenciais de 2017, me interessei pela coragem política e me pareceu que era ao nível local que ainda podíamos acreditar nela, mesmo que a trama do filme atravesse todos os estratos do espectro político.”

Ele explica que o foco de seu filme não são, na verdade, as ideologias, mas o cotidiano das figuras políticas e suas ações concretas. “Em vez de contar histórias passadas das personagens, queria que estivéssemos logo com elas, queria as apresentar conforme a narrativa avança. Quando o público descobre o problema que têm de resolver, percebemos por pequenas pistas quem são, de onde vêm, um pouco como na vida quando conhecemos alguém.”

Kruithof assina o roteiro com Jean-Baptiste Delafon (“16 Anos… Ou Quase”), e aponta que a maioria dos filmes e séries sobre política está mais interessada na disputa de poder, na ascensão, mas em “Belas Promessas” eles buscavam investigar a ação política concreta. “O que é muito difícil em filmes sobre política é a representação das pessoas. Ali queria que víssemos os moradores da cidade empenhados, ativos na defesa dos seus interesses. As cidades suburbanas são as mais jovens da França e a maioria dos filmes rodados ali é sobre essa juventude. Sabíamos que falaríamos menos sobre os jovens e mais sobre seus pais ou avós.”

Ele afirma também que a escolha de Huppert e Kateb para os papéis centrais foi algo natural, pois há nos estilos de atuações deles algo que parece corresponder aos personagens. “São personagens que nunca falam sobre suas vidas, que guardam suas emoções para si. E a admiração que Yazid pode ter por Clémence é a de qualquer ator por Isabelle Huppert, mesmo um ator do nível de Reda Kateb.”

“Os dois gostaram do roteiro, se conheceram, e imediatamente senti uma química entre eles, gostei da música de suas duas vozes. Há muito tempo que os imaginava fisicamente: um filme com Reda muito elegante, com um rosto ligeiramente liso e plácido, e depois Isabelle, a tensão, a autoridade que emana dela, na sua silhueta e no seu caminhar”, conclui.

Gary M. Kramer, na revista Salon.com, define “Belas Promessas” como “um retrato fascinante da ambição e lealdade.” Lovia Gyarkye, na Hollywood Reporter, escreve que “esse drama conciso e emocionante consegue dissecar uma série de questões filosóficas sobre integridade e cargos públicos sem perder de vista as histórias constituintes mais silenciosas e específicas que tornam urgente respondê-las”. “Belas Promessas” será lançado no Brasil pela Pandora Filmes.

OPINIÃO | Por André Roedel

Adoro o cinema francês e, principalmente, filmes que abordam a temática política. Porém, “Belas Promessas”, que traz Isabelle Huppert e Reda Kateb como protagonistas, não me conquistou. O filme é um tanto arrastado, com um roteiro burocrático. Na trama, ela vive uma prefeita em fim de mandato que tem como objetivo salvar um conjunto habitacional popular em uma cidade nos arredores de Paris. Mas disputas políticas acabam travando o cumprimento dessa promessa e coloca até mesmo seu futuro político em jogo. Huppert é uma grande atriz e vai bem de modo geral, mas a história é modorrenta. Não cativa em nenhum momento. Falta um “algo a mais” que possa conectar o espectador. Talvez dialogue mais facilmente com os franceses, provavelmente. ★★ ½