Consciência Negra na sociedade ituana

A terça-feira (20) marcou o Dia da Consciência Negra e o Periscópio ouviu algumas personalidades da cidade de Itu para que as mesmas fizessem uma análise do negro na sociedade atual. Para os ouvidos, embora haja uma evolução no que diz respeito a igualdade, ainda há muito o que ser melhorado, seja quanto ao preconceito, seja no aumento de oportunidades no mercado de trabalho.

Ao JP, a deputada estadual eleita Mônica Seixas (PSOL) comentou a respeito da data. “O 20 de novembro representa muita coisa. A gente tem poucos avanços na integração cultural brasileira. A gente vive o mito da democracia racial, mas é um país que sequer ainda conquistou uma democracia no sentido mais amplo da palavra”, discorre.

A parlamentar eleita acrescenta. “Acho que no último período a gente avançou, sobretudo na pauta da educação, recentemente nós conquistamos as cotas nas universidades. A reparação histórica se trata em possibilitar pessoas que foram atiradas às ruas sem direitos, sem moradia, sem emprego, porque a gente sabia e até hoje a gente sabe o quanto que é difícil para um negro conseguir um emprego. Há ainda um preconceito muito estrutural na sociedade brasileira”.

Professora da rede estadual e vice-presidente da UNEI (União Negra de Itu) Fátima do Carmo Silva fala que ainda há muito o que caminhar quanto a conscientização da igualdade. “O negro na sociedade teve grandes avanços, mas é um trabalho permanente de conscientização do que é ser negro do Brasil, principalmente no município de Itu diante da falta de conhecimento que muitos têm. Como educadora e militante, não é contada a história do negro como protagonista e sim sempre é comentado no papel de subalterno”.

A educadora complementa. “Quando a gente fala para as crianças o que é ser negro, geralmente elas vão sempre por o nome de negro escravo. É necessário desconstruir, fazer com que tenham a sua autoestima elevada. Sou do tempo em que a gente precisava alisar o cabelo para estar presente na sociedade. Hoje, não. Hoje já podemos ocupar o espaço com o nosso cabelo, mas conheço gente que já foi dispensada de seu emprego por causa do cabelo. A gente tem essa intenção de colocar o negro em todos os espaços sociais, sem que seja barrado. Ainda vai levar anos, mas são caminhos que têm que ser percorridos, passo por passo”.

Para Fátima, a não conscientização do jovem passa pelos adultos. “Ainda se fala na escola do negro como escravo. Tem que ser feita uma reeducação com os professores e depois com os alunos. Se o professor não consegue ver o negro como negro, contar a verdadeira história do negro, imagina as crianças?”, questiona.

Presidente da UNEI, Vicente Sampaio também falou à reportagem. “Continuamos com nossa luta e esperamos que, a cada ano, mais pessoas venham participar de nosso movimento e que possa existir uma maior conscientização e que o negro possa ser representado em todos os poderes”, finaliza. (Daniel Nápoli)