Doutor Estranho
Por André Roedel
A década de 1960 foi marcante para os quadrinhos de super-heróis. Foi nessa época que Stan Lee e companhia criaram os principais personagens da Marvel Comics, como os X-Men, Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha. Este último foi criado por Lee em parceria com Steve Ditko. Juntos, os quadrinistas também criaram um personagem menos badalado: o Doutor Estranho.
Marcado por seu visual psicodélico e todo o lance místico empregado em suas histórias, o herói ganhou duas fracassadas adaptações – uma para a telinha (1978) e outra para a telona (1992) – até finalmente ganhar um filme à altura de todo seu potencial. Doutor Estranho, novo lançamento da Marvel Studios, é tudo o que os fãs do personagem esperavam.
O filme traz Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação) no papel do mago. Escolha certeira, pois o ator, além de ser um dos grandes nomes da atualidade, incorporou muito bem o personagem. Ele consegue mostrar toda a sua versatilidade ao representar o arrogante e genial neurocirurgião Stephen Strange, que acaba perdendo o controle de suas mãos após um acidente de trânsito.
Sem encontrar uma maneira de recuperar os movimentos, ele acaba apelando para um templo secreto no Nepal. Lá, Strange tem contato com as artes místicas e descobre uma linhagem de magos que protegem a Terra de ameaças de outras dimensões. Rapidamente, ele passa a dominar os encantamentos e feitiços, descobrindo uma aptidão natural para tudo isso.
Além de Cumberbatch, Doutor Estranho conta com outros ótimos atores. Rachel McAdams vive o interesse amoroso, Dra. Christine Palmer. Chiwetel Ejiofor e Benedict Wong interpretam, respectivamente, Mordo e Wong, os parceiros de aprendizado místico. Mads Mikkelsen é um dos vilões do filme, Kaecilius. O destaque mesmo vai para a grande Tilda Swinton, que vive a Anciã – responsável por levar os ensinamentos ao protagonista.
O bom elenco segura o roteiro básico – mas repleto de bons diálogos – escrito pelo também diretor do filme Scott Derrickson (O Exorcismo de Emily Rose), em parceria com C. Robert Cargill e Jon Spaihts. Apesar de seguir o padrão Marvel de contar histórias, Doutor Estranho tem um tom diferenciado dos outros filmes do estúdio. Chega até a soar mais adulto que os demais – porém as tradicionais piadinhas estão presentes, o que acaba destoando em certos momentos do filme. Mas nada que atrapalhe.
Só que o ponto alto do longa-metragem é mesmo seu visual. Toda aquela psicodelia presentes nas páginas ilustradas por Ditko nos gibis do personagem foi transposta com maestria para as telonas. Até faz valer o 3D e compensa o vilão sem muita profundidade. Há cenas espetacularmente surreais. Por tudo isso, dá pra se dizer que Doutor Estranho é mais um grande acerto da Marvel. E vou além: é o melhor filme do estúdio desde Capitão América: Soldado Invernal. Vale o ingresso.
Nota: 8/10
Ficha técnica:
Direção: Scott Derrickson
Produtora: Marvel Studios/Disney
Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor e Tilda Swinton
Duração: 1h55
Censura: 12 anos
Gênero: Aventura