Entidade afirma que pode ser feito mais para a população de rua em Itu
Pessoas em situação de vulnerabilidade são o alvo de ações sociais frequentes no município durante os períodos de inverno, pelos os riscos à saúde que correm em razão das baixas temperaturas. Entretanto, o projeto social independente Anjos do Resgate, que realiza a entrega de roupas, alimentos e cobertores para pessoas em situação de rua em Itu, afirma que o Poder Público dificulta o processo de acolhimento da população e deveria olhar com mais atenção para esse público.
A Prefeitura de Itu informou que, atualmente, fornece alimentação e higiene básica para cerca de 30 pessoas em situação de rua por dia. Porém, segundo voluntários do projeto social, o número de moradores de rua na cidade é de 160 pessoas, em média. Já a estimativa da Prefeitura é a de que 120 pessoas vivam essa situação no município.
Segundo uma psicóloga voluntária no projeto social, que preferiu não se identificar, o acolhimento da Prefeitura foi inaugurado depois de muita cobrança de movimentos e projetos sociais, após o fechamento do albergue no início da pandemia, o que impossibilitou os acolhimentos, e levou muitas pessoas para a rua.
“Então, foi aberto esse espaço, mas não houve aceitação da população em situação de rua, pois não podiam levar seus carrinhos de reciclagem e seus animais, tinha horário para entrar. Se em uma abordagem na rua alguém demonstrasse desejo de dormir no acolhimento, se tivesse passado do horário, não era liberado. Regras que não são adequadas para a realidade dessas pessoas”, afirma a voluntária.
Para ela, não há tanta atenção para o sistema de Assistência Social na cidade e o Centro POP – Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua têm dificuldades em encaminhar seus processos e demandas para serem solucionadas.
A Prefeitura de Itu não concorda com as alegações e rebate os comentários da psicóloga. “As alegações atribuídas aos Projeto Anjos do Resgate causam estranheza, pois não são de conhecimento da Secretaria Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social. Os trâmites burocráticos seguidos nas ações sociais promovidas pelo poder público seguem as normas vigentes nos programas estaduais e federais, sendo válidas para todos os municípios. No mais, a Secretaria de Promoção e Desenvolvimento Social está aberta para o diálogo com os representantes do referido projeto para que haja um entendimento correto do papel da instituição frente à situação apresentada”, disse a prefeitura em nota.
A coordenadora do curso de Serviços Sociais do CEUNSP – Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, Claudia de Jesus Oliveira, explicou um pouco sobre as ações implantadas pelo órgão público. “Todos os municípios possuem o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) implantado, de acordo com a lei n.º 8.742/1993, alterada pela lei n.º 12.435/2011. Este sistema viabiliza a oferta de serviços na área da política de assistência social. Dentro das responsabilidades públicas está prevista a implantação do Centro POP de Referência Especializado para a População em Situação de Rua, além desse centro que atende em horário comercial também é possível implantar Casa de Passagem, que é uma unidade de acolhimento emergencial para famílias ou pessoas do mesmo sexo e garante o pernoite das mesmas”, pontuou Claudia.
Edição: Letícia Petrelli | Texto e reportagens: Caio Bernal, Júlia Lima Vieira, Luís Gustavo Camargo