Espaço Acadil: Preconceitos

Talvez o fenômeno do preconceito seja o mais deplorável e indigno dos comportamentos humanos. Indica restrições e implicâncias preconcebidas que o ser humano comete contra seu semelhante. Somos todos iguais perante Deus e nossas diferenças precisam ser respeitadas e consideradas como produto da existência humana. Nós, Homo sapiens, nos dividimos teoricamente, através da masculinidade e feminilidade. Enquanto os homens possuímos um cromossomo X e um cromossomo Y, as mulheres possuem dois cromossomos X. Mas não é o bastante. Nossos impulsos e apetites sexuais baseiam-se em termos biológicos hormonais como a testosterona para os homens e estrogênio para as mulheres.

Deduz-se daí que as nossas diferenças sexuais são pequenas demais e o que define nosso comportamento são mais as convenções sociais, contrariando a genética, variando de uma sociedade para outra. Estudiosos definem que sexo pertence a uma categoria biológica, enquanto gênero é uma categoria cultural. A par disso surgem os preconceitos e ataques irracionais principalmente contra a população LGBT+ com alta agressividade inclusive com assassinatos inexplicáveis.

O preconceito está enraizado na humanidade. Preconceitos de gênero, raças, etnias, religião, idade, educação, castas sociais entre outros. As maiores vítimas são os homossexuais, negros e indígenas, identificados pela diferença como a cor da pele, olhos, cabelos, formato do nariz, etc…

  Esse fato ficou bem claro para mim em recente viagem para o sul do país, quando acometido de fortes dores nos joelhos, obriguei-me a utilizar cadeira de rodas, ajudado pela minha esposa e neta para percorrer os longos corredores dos aeroportos, tanto em Viracopos/SP, como no Salgado Filho/RS. 

O fato de se ver encerrado momentaneamente numa cadeira de rodas, trouxe-me uma sensação de vergonha, humilhação e impotência. O preconceito contra deficientes físicos é latente e senti na própria pele o que significa. A maioria das pessoas evitam encarar você restrito a uma cadeira de rodas. É como sentissem nojo, como se você fosse portador de uma moléstia contagiosa. Você fica invisível, é como se não existíssemos ao lado deles e isso é muito triste. 

Apesar de tudo observamos atualmente maior diversidade racial e cito um exemplo, o elenco da novela da Rede Globo, Amor Perfeito, 50% do elenco é negro e composto de belas mulheres negras, contra o estereótipo dos padrões de beleza feminina da raça negra, impregnados em nossa sociedade.

Todavia, há pessoas solidárias que facilitam a vida dos cadeirantes, ajudando-os, sorriem para nós e são simpáticas aos nossos olhares. Cito o exemplo das comissárias de bordo da Azul, que solidárias preocuparam-se comigo, providenciando para que no meu desembarque houvesse uma cadeira e um condutor à minha disposição e deixo aqui o meu eterno agradecimento. Parabéns a elas.

Guilherme Del Campo
Cadeira Nº 11 I Patrono Mario de Andrade