Fundação Energia e Saneamento promove live sobre técnica construtiva recém-descoberta no Museu da Energia de Itu

Estudos realizados no edifício histórico do Museu da Energia de Itu revelaram que o prédio apresenta mais uma técnica construtiva, além das conhecidas taipa de pilão e pau-a-pique, a chamada taipa pombalina. A importante e recente descoberta será apresentada na live “Taipa Pombalina em São Paulo: estudo acerca da técnica e de sua preservação no sobrado sede do Museu da Energia de Itu”, que acontece no próximo dia 26 de julho, das 14h às 15h30, com transmissão on-line no YouTube do Museu da Energia. A avaliação do edifício faz parte da elaboração do projeto executivo de restauro do Museu, que está sendo executado através do Programa de Ações Culturais (ProAC) do Governo do Estado de São Paulo.

A descoberta foi feita com câmera térmica, que mostrou o uso da técnica pombalina, a mesma utilizada na reconstrução da Baixa de Lisboa, em Portugal, após os terremotos que destruíram a região em 1755. A construção pombalina é caracterizada por uma estrutura tridimensional de madeira, a gaiola pombalina, que envolve as paredes internas dos edifícios. Essas construções representaram um marco importante da engenharia sísmica na época, porque absorvem parte do impacto dos terremotos, protegendo os moradores. 

O tema será debatido na live, que integra o ProAC e também celebra o Dia do Patrimônio, comemorado em 17 de agosto. O bate-papo conta com participação do restaurador Antônio Sarasá, fundador do Estúdio Sarasá, especializado em conservação e restauro, e do arquiteto Victor Hugo Mori, que atua no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1987, e é conselheiro do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). A mediação será feita pela coordenadora do Museu da Energia de Itu, Ana Sbrissa.

A live é uma ação da Fundação Energia e Saneamento em contrapartida ao ProAC. A Fundação foi contemplada com o Projeto Executivo de Restauro do sobrado do Museu da Energia de Itu (edital nº 49/2022) para definir, em detalhes técnicos, como deverá ser feita a restauração do edifício, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat). 

O sobrado do Museu da Energia de Itu é remanescente da arquitetura urbana do século 19. Foi construído com as técnicas taipa de pilão e pau-a-pique, e agora sabe-se que ele também tem em suas bases a técnica pombalina, com a recente descoberta feita pelos grupos de estudo. O imóvel é marcado pela decoração interna de suas paredes com desenhos e pinturas e pelo revestimento em azulejaria portuguesa de sua fachada principal. O próprio edifício é um documento museológico da história brasileira.

Entre o século 18 e 19, o prédio era uma casa térrea de taipa de pilão, que recebeu o segundo pavimento a partir de 1847. Itu está entre as poucas cidades paulistas que ainda mantêm raros exemplares de sobrados e casas térreas do período colonial. Nessa época, o imóvel era residência de Ignácia Joaquina Correa Pacheco e seu marido, Antonio Correa Pacheco. No século 20, foi sede das companhias de energia que abasteceram a cidade de Itu, Cia. Ituana de Força e Luz, Light e Eletropaulo. 

O projeto executivo busca definir a documentação técnica necessária para o restauro adequado do museus e também estabelecer um conjunto de atividades de divulgação, sensibilização, promoção e registros articulados em torno do tripé memória, identidade das populações e zeladoria do patrimônio, que representa a afeição no cuidado com o bem cultural. A execução do projeto executivo de restauro do Museu da Energia de Itu é realizada pelo Estúdio Sarasá, conforme as Resoluções de Tombamento do Condephaat. 

Convidados: 

Antônio Sarasá – Fundador do Estúdio Sarasá, especializado em conservação e restauro. Integra um grupo de estudos com profissionais da área para discussão sobre metodologias modernas e seguras de restauração do patrimônio histórico. É responsável pela interface entre órgãos de preservação e a empresa Estúdio Sarasá. Também é Conselheiro da Associação dos Amigos da Casa das Rosas e afiliado da Associação Paulista de Conservadores e Restauradores, além de prestar assessoria técnica em projetos de restauro no Estado de São Paulo.

Victor Hugo Mori – Arquiteto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1987, formado pela Universidade Mackenzie. Desde 2008 é conselheiro do Centro Internacional para La Conservacion del Patrimonio Brasil e conselheiro do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Autor dos livros “Arquitetura Militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos” (IMESP-FUNCEB, 2003) e “Restauro da Casa do Trem Bélico” (Editora Salus, 2009); organizador do livro “Patrimônio: atualizando o debate” (Iphan-Dersa, 2006); e coautor com Carlos C. Lemos do livro “Patrimônio: 70 Anos em São Paulo” (Iphan, 2008). Recebeu a Medalha Mário de Andrade (Iphan-2018).