Gente da Gente: Mariele Belasco

Mariele Belasco é diretora do Grupo da Melhor Idade e viu em seu trabalho um agente transformador (Foto: Daniel Nápoli)

Nascida e criada em Itu, Mariele Belasco de 37 anos é diretora do Grupo da Melhor Idade de Itu e na coluna “Gente da Gente” desta semana tem a sua trajetória relatada neste espaço. Filha e sobrinha de professoras, Mariele cursou letras, porém sua vocação era outra. “Nunca lecionei, nunca tive esse despertar, mas sempre gostei muito dessa relação com as pessoas. Eu falo que não nasci para trabalhar sozinha, numa sala com computador, com números”.

Mariele passou então a trabalhar com vendas e, com o passar dos anos, vieram novas oportunidades. Em 2017, surgiu o convite por parte do prefeito Guilherme Gazzola  para que atuasse no Grupo da Melhor Idade. “Eu falo que eu vim pra cá por acaso, mas não foi por acaso que eu me encontrei aqui. Foi amor à primeira vista. Quando eu cheguei aqui na Melhor Idade eu já percebi que aqui eu teria uma grande escola de vida”.

Mariele relata que chegou ao grupo vivendo “no modo automático”. “Era obesa, sedentária, foi um choque de realidade. Quando cheguei aqui e vi os idosos, às vezes eles tinham o dobro, até o triplo da minha idade, saudáveis, dançando, felizes e foi um choque pra mim. A gente começa a se questionar, nesse ritmo de vida que eu estou, será que eu vou chegar nessa idade deles fazendo o que eles fazem?”.

Há quatro anos e meio, Mariele recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla, doença autoimune que atinge o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) provocando lesões irreversíveis. O diagnóstico veio justamente na época em que iniciou sua trajetória no Grupo da Melhor Idade. O novo desafio profissional foi muito importante no processo, de acordo com Mariele. “Comecei a viver um processo interno de mudança aqui”.

“Eu falo da esclerose múltipla não para gerar uma piedade, uma comoção, é no intuito de informar mesmo. Quanto mais a gente fala sobre, mais as pessoas se atentam sobre a importância de um tratamento adequado, de um diagnóstico precoce, para que possa estabilizar a doença que não tem cura, mas tem tratamento que pode atenuar os sintomas. O quanto antes a gente descobrir é melhor para a pessoa”, destaca.

No Grupo da Melhor Idade, a ituana afirma que encontrou uma motivação e qualidade de vida. “Passei a querer emagrecer, a cuidar da minha alimentação, ficar mais saudável, pois sabia que tinha ainda muito para dar”. Sobre seu trabalho como diretora do Grupo da Melhor Idade, Mariele explica que sua função é administrar todos os pilares que envolvem o serviço e participar efetivamente de todas as atividades ali realizadas.

“Mesmo tendo uma equipe altamente capacitada com pessoas amplamente comprometidas com o serviço, eu acompanho o desenvolvimento de todas as atividades de perto, pois manter o vínculo direto com os idosos é fundamental. Essa proximidade com o idoso, ter esse olhar atento,  poder escutar o que ele tem a dizer, entender suas necessidades reflete diretamente na realização do trabalho com excelência”, acrescenta.

Sobre os desafios de sua atuação, Mariele revela que é “mostrar tanto para os idosos que frequentam o grupo quanto para a sociedade que  somos mais que um ‘clube de lazer’, explica a profissional, que é casada com Marcelo Policher e mãe do Pedro, de 12 anos, e do Lorenzo, de 7 anos de idade.

Mariele conclui o bate-papo, reforçando sua atuação no Grupo da Melhor Idade. “Embora nosso papel também seja esse de trazer atividades recreativas, bailes, momentos de descontração e diversão, aqui dentro executamos um trabalho sério, um programa de política pública que tem por finalidade assegurar os direitos dos idosos, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade”, encerra.