Gente da Gente: Rita de Cássia
Ainda comemorando o mês em que celebra-se o centenário do rádio no Brasil, na coluna “Gente da Gente” desta semana destacamos uma das vozes mais conhecidas da cidade de Itu. Rita de Cássia Campos Vasconcellos, nascida no município ituano em 19 de janeiro de 1948, é radialista há mais de 55 anos ininterruptos.
Filha de Benedita e Francisco (Chico Tintureiro), e irmã de outros oito irmãos (hoje são cinco vivos), Rita é mãe da Sarah (jornalista e aspirante a radialista), avó do Otávio de 5 anos e da Maria Rita de 2 anos e sogra do Julio. Ela atuou na Rádio Convenção de Itu (onde que permaneceu por quase 50 anos), além de atuar nos jornais “República”, “Folha da Cidade”, “Novo Contexto” e Periscópio (nestes veículos possuía colunas sociais e também escrevia receitas e algumas ‘fofocas’ da sociedade ituana). Há cinco anos, ela está na Rádio Nova Itu FM e atualmente é colunista social no Jornal “A Federação”.
A trajetória de Rita no rádio começou quando ela tinha 17 anos e, de acordo com ela, foi bem peculiar. “Trabalhava de empregada doméstica e toda a tarde eu passava na Lanchonete Belucci e via o carro do Anselmo Duarte [ator e diretor de cinema, já falecido] e me veio uma ideia. O meu pai era um homem muito legal, muito simples, mas extremamente inteligente. Ele era um artista, desenhava e pintava muito bem. Ele era fã do Milton Ribeiro [ator, também já falecido]. Ele fez um desenho dele e guardou ali. Um dia eu falei que via o carro do Anselmo Duarte e estava pensando em pedir para ele entregar esse retrato”, recorda.
No dia seguinte, Rita retornou à lanchonete, sendo atendida por Horlimar Pires de Almeida, proprietário da Rádio Convenção de Itu. Após conversar com ele e com Anselmo, Rita não só conseguiu encaminhar o desenho de seu pai para que fosse entregue a Milton Ribeiro, como também foi convidada para fazer um teste na rádio.
No início, Rita atuava na Convenção como atendente, porém, pouco tempo depois, assumiu o microfone da emissora. “Disseram que eu era comunicativa. Houve uma receptividade muito grande com o público, o pessoal gostou de mim, do meu jeito de falar e eu comecei a gostar do rádio. Fiz muitos amigos ali”.
Entre tantos momentos vividos na emissora, Rita recorda a visita do então governador do Estado de São Paulo Laudo Natel, entre 1966 e 1967, participando de seu programa, sendo mais de uma vez entrevistado por Rita.
Além de radialista, Rita também é colunista e recorda o período em que atuou no JP. “Tive uma época gostosa no Jornal Periscópio também. Fazia o ‘Trololó’. Adorava escrever as fofoquinhas ali e o pessoal gostava bastante. Trabalhei no ‘Jornal República’ também. Sou uma grande fofoqueira, com toda a honra. Graças a Deus nunca prejudiquei a vida de ninguém”.
Voltando a falar sobre rádio, Rita comenta o significado do mesmo em sua vida. “Rádio é ‘cachaça’, é vício, eu amo fazer rádio, tive muitas alegrias na rádio. Rádio é vida, é comunicação, é dedicação, é amizade, companheirismo, é entender quem está do outro lado, sua tristeza, ajudar e se não puder ajudar, tocar uma música, é o jeito de participar da vida dos outros, de uma forma gostosa”.
“Amo Itu, o povo ituano, fico muito feliz quando encontro com alguém que fala ‘você deu o enxoval para o meu bebê, ‘você arrumou um namorado pra mim’”, orgulha-se Rita, que já chegou a ser candidata a vereadora, período em que criou seu mais famoso bordão: “sexo frágil é uma ova!”.
Um grande orgulho na vida de Rita é sua filha, Sarah Vasconcellos Pavani, que é jornalista de formação, porém vai seguindo também os passos da mãe no rádio. Atualmente, além da coluna social no Jornal “A Federação”, ambas dividem a apresentação do programa “Dose Dupla”, na Nova Itu FM.
“Quanto a Sarah ser radialista eu dou o maior apoio. Ela já nasceu radialista, porque sempre falei de rádio, sempre fiz rádio e ela sempre me acompanhou. Agora ela é minha ‘parceirona’ no ‘Dose Dupla’. Ela praticamente produz o programa. Respeito muito a Sarah, uma filha maravilhosa, uma mãe extremosa, uma esposa dedicada. Ela vai ter muito sucesso como radialista”, orgulha-se.
Ao encerrar o bate-papo, Rita comemora. “Me faz muito feliz saber que o rádio completou 100 anos no Brasil e que na metade dessa conquista eu já fazia parte dela. Obrigada, meu Deus”, conclui.