A honraria a quem merece ser honrado

Moura Nápoli

Não é de hoje que a modernidade e a rapidez faz com que uma coisa aconteça agora, aqui, e em menos de um minuto o mundo inteiro possa estar sabendo. E essa velocidade nos meios de comunicação mostram tanto as coisas boas, como as más. E o pior é que as más, dão a impressão de ganhar uma velocidade ainda maior.

O mundo inteiro acompanha brasileiros como José Maria Marin, Ricardo Teixeira e José Hawilla estampando manchetes em julgamento por corrupção no futebol mundial. Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, por exemplo, se deixar o Brasil, será preso.

De tantos envolvidos e não apenas brasileiros, vou me ater a dois nomes que de alguma maneira tiveram alguma ligação com Itu: José Hawilla, o conhecido J. Hawila e José Maria Marin. Os dois envolvidos em esquemas de corrupção da Fifa.

  1. Hawilla já escancarou que realmente pagou propina para Nicolas Leoz, ex-presidente da Conmebol, Júlio Grondona, ex-presidente da Federação Argentina, falecido em 2014 e Ricardo Teixiera, ex-presidente da CBF. Admitiu que foi um erro, que acabou tornando-se refém do esquema, etc… etc… etc… Marin, por sua vez, responde a sete acusações de fraude, mas se considera inocente, mesmo com tantas evidências envolvendo seu nome em esquemas de corrupção.

O que eles tem a ver com Itu? Nada! Mas se puxarmos pela memória, J. Hawilla entre 2008 e 2009 foi uma espécie de gestor do Ituano, quando sua empresa Traffic assumiu o comando do clube. Nesse período, poucas vezes esteve na cidade. Porém, foi o suficiente para a gloriosa Câmara Municipal da época outorgar-lhe, com pompas e circunstâncias, o título de Cidadão Ituano.

Cidadão Ituano??? O que J. Hawilla fez por Itu para sua comunidade, para seu povo, para ser distinguido como Cidadão Ituano? Que me perdoem os vereadores daquela época, mas tão importante título, que é, na verdade, uma honraria, foi simplesmente banalizado.

Já José Maria Marin esteve pelo menos uma vez em Itu, e foi justamente na Câmara Municipal. Foi por ocasião da entrega de um outro título de cidadania, desta feita ao saudoso Marcos Max Guerra D’Ávila, o Marcos Guerra, ex-jogador e ex-técnico de futebol, que passou pelo Ituano.

Paulistano de nascimento, Marcos Guerra adotou e abraçou Itu para sua vida. Aqui morou tantos anos, aqui constituiu família e, de certa forma, honrou o título de Cidadão Ituano. Mas o que Marcos Guerra teria com José Maria Marin?

Pois saibam que ambos foram jogadores de futebol, e atuaram juntos nos gramados da vida. Foram amigos e Marcos Guerra tinha um orgulho muito grande em dizer que Marin foi seu padrinho de casamento. Quando Guerra recebeu o título de cidadania, Marin era uma figura de “respeito”, já havia sido presidente da Federação Paulista de Futebol, ex-vice-Governador do Estado, ex-Governador do Estado e, para Marcos Guerra, um amigo, um ídolo, um ícone.

Hoje, se vivo fosse, Marcos Max Guerra D’Ávila, correto e íntegro como sempre foi, certamente não teria o mesmo orgulho de bater no peito e dizer que Marin foi seu padrinho…