Imóveis pertencentes à Vila Vicentina têm reintegração de posse no São Luiz

Regiane e seu filho José Carlos ocupam um dos imóveis há quatro anos (Foto: Divulgação)

No mês de junho, o Periscópio noticiou a respeito de duas diferentes ocupações na cidade de Itu: uma compreendida em um sítio na Estrada do Varejão e outra em uma área situada nas proximidades do Terminal Rodoviário, no bairro Cidade Nova, na região do Pirapitingui.

Na última terça-feira (06), uma outra ocupação no município ganhou repercussão. Aproximadamente nove famílias ocupam casas pertencentes à Associação São Vicente de Paulo (Vila Vicentina).

Os imóveis estão situados na Rua Agenor Correa de Leite Campos, no bairro São Luiz, ao lado da Prefeitura. No início do ano, a Vila Vicentina entrou na justiça pedindo reintegração de posse, havendo a retomada de um dos imóveis. Na terça-feira (06) saiu a reintegração de posse de um outro imóvel, esse ocupado por Regiane Silva Belarmino, de 47 anos, e seu filho, José Carlos Belarmino, de 16 anos.

Regiane, que é viúva e está desempregada, ocupa o imóvel há quatro anos. Com problemas de saúde (trombose em uma das pernas), ela lamenta a situação. “Eu não tenho para onde ir. Estamos lutando para ficar, porque meu filho tem problema nas pernas (epifisiólise bilateral crônica), ele é menor de idade, eu sou sozinha com ele”.

Pertencentes de Regiane já foram guardados. Desocupação deveria ter ocorrido na terça-feira (Foto: Divulgação)

Ocupando o local há quatro anos, Regiane alega que as casas estavam abandonadas. “Estavam todas abertas, quebradas, cheias de drogados e bandidos. Até corpos já foram encontrados. Agora que só tem gente da família eles estão lutando para tirar a gente? Não é justo”, comenta a desempregada.

“Eles não têm o direito de fazer isso. Somos famílias desempregadas, que dependemos de cestas básicas. Se eu não passasse necessidades, não teria entrado na casa. Eu pago água, a força”, diz Regiane. “Alguns têm câncer e outros problemas de saúde, além de ter crianças e bebês”.

O JP conversou com o ex-presidente e atual tesoureiro da Vila Vicentina, João Scaravelli, que também falou sobre a situação. “As casas localizadas na Rua Agenor Correa Leite de Campos que foram desocupadas há algum tempo precisavam de reformas e devido às dificuldades financeiras, fechamos as mesmas para aguardar criarmos condições, e tínhamos algumas casas que estavam alugadas”, explica.

“Aí começaram a invadir as mesmas e após isso as pessoas que ficavam nas casas resolveram sair das mesmas, pois começaram a ser pressionados pelos invasores. Após a saída dos mesmos os imóveis foram invadidos. Entramos na justiça pedindo a reintegração da posse dos mesmos”, explica João.

Scaravelli explana ainda sobre o processo da primeira reintegração de posse, realizada no início do ano. “Tivemos que levar os móveis (da família desocupada) na Vila Martins, gerando custos, mas logo em seguida invadiram a casa e saiu novamente a reintegração e ao chegarmos lá com o oficial de justiça a casa estava desocupada, mas os móveis estavam no quintal da casa vizinha e com certeza ao sairmos da mesma iriam retornar. Tomamos providências e não conseguiram retornar.”

Sobre a reintegração de terça-feira (06), Scaravelli esclarece. “Fui para o local com o oficial de justiça e a pessoa que já tinha sido notificada anteriormente não queria sair, daí iríamos chamar a polícia, quando ela pediu para sair hoje (quarta-feira) até final da tarde, o qual atendemos o pedido. Apareceram pessoas tentando intimidar inclusive o oficial. Saliento que tive que pagar o frete, pois somos obrigados a manter um caminhão para levar a mudança”.

O tesoureiro da Vila Vicentina explica ainda que existem mais seis imóveis em processo de reintegração de posse. “Estive na CIS – Companhia Ituana de Saneamento para ver a situação das contas de água (das casas ocupadas) e encontramos um débito de mais de R$ 7 mil. Tem invasores com carro e moto e a maior parte tem internet instalada nas casas”, conclui.

Na manhã de quinta-feira (08), foi realizada a reintegração de posse no imóvel em que Regiane ocupava e a mesma saiu do espaço para a casa de familiares. Quanto às demais casas ocupadas, novas datas para a reintegração de posse devem ser determinadas pela justiça. O JP seguirá acompanhando o caso.