Itu mantém viva memória da Revolução

Comandante do Regimento Deodoro, Coronel de Artilharia Henrique Cesar Loyola Santos fala da importância do acervo do museu (Foto: Divulgação/Regimento Deodoro)

Neste sábado (09) é celebrado o aniversário de 90 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, movimento armado ocorrido nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, entre julho e outubro daquele ano, e que tinha como objetivo derrubar o governo provisório do presidente Getúlio Vargas e convocar uma Assembleia Nacional Constituinte.

Dois anos antes, Vargas havia dado um golpe de estado ao liderar uma revolução, derrubando o então presidente da República Washington Luís, além de impedir a posse do sucessor eleito nas eleições de 1930, Júlio Prestes. Além disso, com a tomada do poder, Vargas fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais, além de cassar a Constituição de 1891.

Itu teve participação efetiva na Revolução de 1932 por meio do 2º GAC L Regimento Dedodoro (então 4º RAM – Regimento De Artilharia Montada), que desempenhou função de apoio de fogo às tropas constitucionalistas na chamada “Frente Norte”, no Vale do Paraíba. De acordo com informações do Regimento Deodoro, 353 militares do 4º RAM saíram de Itu no dia 10 de julho e se dirigiram para São Paulo por via férrea.

Na capital paulista, eles foram abastecidos com equipamentos, munições e armamentos e partiram dois dias depois para o norte do estado, no município de Lorena, no Vale do Paraíba, região que foi importante durante as operações da revolução. As tropas paulistas pretendiam atravessar essa região até o Rio de Janeiro, para depor Getúlio Vargas.

O 4º RAM desempenhou funções de apoio de fogo em diversas cidades do Vale do Paraíba, percorrendo as cidades de Lorena, Cachoeira Paulista, Silveiras, Jatahy, Areias e Santa Rita. Além dos militares, muitos civis se apresentaram para incorporação ao Regimento Deodoro. Assim como todas as tropas que estiveram no conflito, o Regimento Deodoro também sofreu baixas. No primeiro mês de batalha, foram oito mortos e 32 feridos.

Apesar da derrota militar do movimento, algumas de suas principais reivindicações foram obtidas posteriormente, como a nomeação de um interventor civil e paulista, a convocação de uma Assembleia Constituinte e a promulgação de uma nova Constituição em 1934.

Museu do Quartel

Em Itu, acervos referentes à Revolução de 1932 podem ser visitados, mantendo viva a história. No Museu do Regimento Deodoro, situado nas dependências do Quartel de Itu, podem ser vistos fardamentos, armas, demais munições, fotos e relatos sobre o conflito.

O historiador Eduardo Augusto Souza Martins ao lado do guia do Museu do Regimento Deodoro, o soldado Rafael de Camargo Florentin (Foto: Daniel Nápoli)

 Ao Periscópio, o comandante do 2º GAC L – Regimento Deodoro, Coronel de Artilharia Henrique Cesar Loyola Santos, fala sobre o acervo. “O pessoal que vier visitar-nos no Museu vai verificar que ele tem um acervo relevante na questão da Revolução de 1932. O visitante vai ter uma experiência muito rica”.

Segundo ele, o acervo “evoca a busca do aprimoramento do bem comum”. “Quando falo bem comum é o bem social, que vai fazer a sociedade de certa maneira evoluir, amadurecer, e essa é a importância de a gente ter qualquer tipo de acervo histórico. Para a gente aqui do Regimento Deodoro é uma honra a gente poder contribuir com a manutenção dessa memória”, acrescenta o comandante.

Colaborador do Museu do Regimento Deodoro, o historiador Eduardo Augusto Souza Martins também falou ao JP.“O Museu do Regimento Deodoro é um ponto importante da preservação do resguardo, da pesquisa, da valorização e da divulgação da memória da história do Exército Brasileiro em Itu, dos jesuítas e dos ituanos que participaram de alguma forma e estiveram ligados a esse prédio histórico em algum momento da sua vida, direta ou indiretamente”, conta.

“Nós temos aqui uma importante missão de preservar essa história, essa memória, na forma da salvaguarda não só dos objetos, mas dos relatos, da memória oral, das fotografias. Esse é o nosso maior tesouro aqui no museu. A cidade de Itu teve uma participação muito importante na Revolução de 32. O Quartel de Itu tem essa honra de ter participado desse movimento democrático em busca de uma nova constituição”, acrescenta. O Museu do Regimento Deodoro pode ser visitado aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 16h.

Museu Republicano

 Neste sábado (09), será aberta uma exposição sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, organizada pelo Museu Republicano de Itu em parceria com o Museu da Música – Itu, a partir de documentos textuais, jornais, livros e peças de acervo das duas instituições ligados a esse período histórico, no Centro de Estudos do Museu Republicano. Com entrada gratuita, a exposição “Itu e a Revolução de 32” poderá ser visitada todos os dias, das 10h às 17h. Mais informações: edu.mrci@usp.br.