Jogos Mortais: Jigsaw

Por André Roedel

Inicio esse texto fazendo uma confissão: nunca perdi meu tempo vendo nenhum filme da franquia Jogos Mortais. Dizem que o primeiro, lançado no já distante ano de 2004 e dirigido por um ainda novato James Wan (um dos melhores do gênero de terror da atualidade), é bom. Mas eu nunca me arrisquei a assistir. Porém, por conta de um negócio chamado internet, é impossível não conseguir saber pelo menos um pouco da trama e seus elementos.

O que não consigo entender é o tamanho fascínio que o espectador tem pela série, que chega nesta semana ao seu oitavo filme com a estreia de Jogos Mortais: Jigsaw. Neste novo capítulo, corpos estão surgindo pela cidade e todas as evidências apontam para John Kramer, o homem conhecido como “Jigsaw” e que está morto há mais de uma década.

E aí que a história começa a se repetir, caindo em erros comuns de séries que se estendem por filmes demais e distantes um do outro – o último longa-metragem de Jogos Mortais foi lançado há sete anos! Sem criatividade em ousar em tomadas mais inventivas, os diretores e irmãos Michael e Peter Spierig apostam todas as suas fichas na homenagem à própria série e no gore (subgênero do cinema de terror que, deliberadamente, se concentra em representações gráficas de sangue e violência) tradicional.

Só que isso não é de todo ruim. Mesmo com o roteiro previsível de Pete Goldfinger e Josh Stolberg, o filme diverte – se você não tiver estômago fraco, é claro – por ser bem descompromissado e com reviravoltas um tanto absurdas. Jigsaw, convenhamos, foi mais uma alternativa dos produtores conseguirem mais dinheiro como uma franquia de sucesso, não é um novo marco do cinema de horror.

Tobin Bell, para alegria dos fãs do vilão de máscara assustadora, está de volta como Jigsaw – e eu não vou dizer como para não estragar a surpresa. O já veterano que apostou suas últimas fichas da carreira vai bem nas poucas aparições. As demais atuações são bem simplistas – apenas Callum Keith Rennie, como o detetive Halloran, e Laura Vandervoort, que faz uma das participantes do jogo mortal, entregam algo ao menos decente.

No meio de todos esses problemas estruturais, Jogos Mortais: Jigsaw consegue prender a atenção por conta do “pornô da tortura”. E, com isso, consigo finalmente entender o porquê de tanta gente gostar da série: o ser humano é condicionado a admirar a desgraça alheia. Só pode. Porque, mesmo os atores não conseguindo imprimir atuações mais fidedignas de desespero aos personagens e sabendo que tudo não passa de sangue falso e pedaços de borracha, é impossível não se impressionar com as cenas de retaliação. E, pelo menos durante a 1h32 de exibição, deixar nosso lado sádico se revelar.

 

Nota:

 

 

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