Líderes repercutem caso em Itu e pregam pela tolerância religiosa

Um boletim de ocorrência registrado em Itu no último dia 28 de junho relata atos de intolerância religiosa por parte de uma mulher vizinha de um centro umbandista – conforme noticiado pelo JP de 2 de julho. Segundo o registro, uma mulher que mora aos fundos de um centro umbandista estava atrapalhando o culto, ocorrido no dia 27 de junho, com música alta e más insinuações sobre a religião.

O fato gerou a reação de diversos líderes religiosos da cidade, que se posicionaram sobre o ocorrido. Vale destacar que denúncias de intolerância religiosa aumentaram 141% no Brasil em 2021, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Para o umbandista Luis Fernando Zonatti, sua religião ainda sofre muito preconceito e intolerância, mas, aos poucos, está conquistando seu espaço. Segundo ele, quando a umbanda sai de dentro dos terreiros e vai para os trabalhos externos, vai para rua, ela choca. “Mas, com a frequência, as pessoas vão se acostumando e conhecendo. Mesmo que não seja a sua [religião], você respeita. Então a educação dentro das religiões é primordial”, afirma o umbandista, apontando o caminho para o fim da intolerância.

“Nós temos muitos grupos religiosos aqui, muitas igrejas católicas, muitos templos ou igrejas evangélicas, temos muitos terreiros de umbanda também e eu vejo isso como uma coisa boa! Eu vejo que é uma evolução, de que há mais tolerância. Acho que estamos no caminho”, conclui Zonatti.

O padre Antônio Ferreira da Silva, da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, também falou sobre a importância do respeito religioso. “Eu entendo que a diversidade religiosa é muito importante, porque, de um certo modo, nós somos seres únicos, mas não somos uniformes. Também é fundamental que haja na diversidade religiosa um respeito diverso”, afirmou.

O padre pontuou sobre os trabalhos de caridade que a igreja católica, evangélica e centros espíritas realizam na cidade e comentou que não há muito envolvimento entre as religiões, mas um respeito pacifico entre elas.

“Vivemos em um país laico, mas em minha cosmovisão, um país com uma grande influência judaico-cristã. E essa laicidade não é diferente em nossa cidade”, afirma o pastor Alessandro Bozão, se referindo a determinação promulgada na Constituição que permite, respeita, protege e trata de forma igual todas as religiões, fés e compreensões filosóficas da vida no Brasil. Para o pastor, se uma religião faz você odiar alguém, algo está errado. “Mais importante que o tema, penso que nossa fé não nos torna cegos”, completa.

Uma pesquisa Datafolha, realizada em dezembro de 2019 apontou que 50% da população brasileira é católica, 31% evangélica, 10% não possui religião, 3% espírita, 2% fazem parte de religiões de matriz africana (Candomblé, Umbanda e outras), 0,3% é judaica, 2% outras e 1% é ateu. A miscigenação religiosa brasileira é fruto da miscigenação de etnias que compõem a população no país.

Edição: Felipe Sinhá | Texto e Reportagens: Rafaela Maciel