Lugar de mulher é dentro das quatro linhas!
Durante e após a Copa do Mundo da FIFA de 2018, muito se mencionou o fato de que o futebol feminino não possuir a mesma repercussão do que o masculino.
A falta de visibilidade (assim como a falta de patrocínio) faz com que a modalidade ainda engatinhe no Brasil, mesmo com a recordista do prêmio de melhor jogadora do mundo, dado pela FIFA, sendo brasileira: a Rainha Marta.
Porém, na cidade de Itu, muitas jovens mantêm a esperança de dias melhores para a modalidade. É o caso da professora de educação física Bianca Morgado, de 26 anos, que desde criança nutre paixão pelo esporte. “Meus pais sempre me incentivaram a praticar qualquer atividade física e na minha infância passei por muitas modalidades, mas foi no futebol que encontrei a minha verdadeira essência”, explica.
Mesmo com as dificuldades para entrar na cidade em escolinhas para que pudesse jogar com outras meninas, Bianca não desanimou, criando ao lado de amigas o Fênix FC, que já conquistou diversos títulos municipais e regionais. “Ainda temos muito que conquistar e não vamos desistir de provar para as pessoas que a mulher no futebol tem um espaço muito significativo, e que elas levam tão a sério quanto os homens todas as competições que entram. Porém, eu acredito que com o tempo a igualdade do gênero será cada vez mais real”.
Ela acrescenta: “Deixo aqui meu incentivo para aquelas mulheres que têm medo de começar a praticar, seja por preconceito na questão do gênero ou qualquer outro motivo. Não desistam. Mulher tem, sim, espaço no esporte, basta que a sua vontade seja sempre maior do que qualquer adversário”.
Também professora de educação física, Sara de Moraes Gallo, de 35 anos, que teve sua paixão pelo futebol iniciada ainda na infância, com o incentivo de seu irmão mais velho, cita os obstáculos para permanecer no esporte. “Quando era criança, comecei a jogar e fui gostando, e os meninos da rua me chamavam para jogar. Infelizmente, quando me tornei adolescente, tive que parar de jogar, pois começou um pouco de assédio”.
Mais tarde, assim como Bianca, passou a atuar pelo Fênix FC, time de futebol society, além de incentivar suas alunas durante as aulas na escola, “Não tive o incentivo dos meus pais, dou força para as meninas que têm vontade de jogar, pois existe muito preconceito”, explica.
Incentivo é o que não faltou para Ana Lívia de Arruda, de 29 anos, que atua pelo mesmo time. “Minha avó e minha mãe sempre foram fanáticas por futebol e incentivaram a mim e a minha irmã a jogar futebol”. A designer gráfico conta que além do incentivo de familiares, se inspirou também em um desenho animado.
“A vontade de praticar futebol veio de vez no final dos anos 1990, quando assistia a ‘Super Campeões’ (desenho japonês exibido pela extinta TV Manchete), onde Oliver Tsubasa, um menino japonês, tinha o sonho de ser jogador e chegou a disputar a final da Copa do Mundo contra o Brasil”, relembra.
Existiu ainda outra inspiração: Marta. “Nos anos 2000, ela começou a brilhar pela seleção e nos estimulou a querer seguir jogando futebol. Depois que saí do colégio, retornei a jogar em 2014, graças a pessoas que acreditaram, incentivaram o futebol feminino”, conclui. São essas as mulheres que desafiam preconceitos e fortalecem o futebol feminino em Itu! (Daniel Nápoli)