Medalha de prata olímpica impulsiona crescimento do skate feminino em Itu

Rayssa Leal celebra a prata histórica (Foto: Wander Roberto/COB)

O skate entre as mulheres tem crescido no Brasil, tendo nomes de destaque no cenário mundial, como Pâmela Rosa, Letícia Bufoni e Rayssa Leal, a “Fadinha”, que na madrugada da última segunda-feira (26) garantiu a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, na categoria street.

A medalha é histórica por diversos motivos. O primeiro por ser a primeira edição do skate em uma Olimpíada. Segundo: Rayssa tem apenas 13 anos. O terceiro é que ela tornou-se a brasileira mais jovem a faturar uma medalha em Jogos Olímpicos. Na mesma categoria em que Rayssa foi medalhista, as brasileiras Pâmela Rosa e Letícia Bufoni ficaram próximas de disputar a final. No masculino, Kelvin Hoefler também foi medalhista de prata.

Se a procura pela prática já vinha tendo um crescimento, a conquista histórica impulsionou ainda mais a procura pelo skate entre meninas e mulheres das mais diferentes idades. Itu conta com estrutura para interessadas em ingressar no esporte. Publicamente, o município conta com pistas de skate na Praça Periscópio (Jardim Alberto Gomes), na Praça Washington Luís (na Vila Nova, em frente ao Estádio Dr. Novelli Júnior) e no Centro Esportivo e de Lazer Titi, na região do Pirapitingui. A Prefeitura também apoia projeto parceiro que utiliza a pista da Praça Washington Luís para treinar skatistas.

Saindo da área pública e indo para a particular, Itu conta também com a Fábrika do Skate, espaço inaugurado em 2019 com a maior pista de skate indoor da América Latina e que já recebeu diversos nomes de destaque no cenário mundial, tanto no feminino quanto no masculino.

Repercussão

O Periscópio conversou com Roberta de Luccia, de 35 anos, que há um ano é instrutora de skate em Itu. Seu primeiro contato com o esporte foi aos 11 anos de idade. “Já andava e curtia o style, influência das músicas e roupas da época. Ganhei um skate da minha prima e me juntei à galera”, recorda.

Roberta é instrutora de skate e fala do crescimento da participação da mulher na modalidade (Foto: Arquivo pessoal)

A instrutora analisa o crescimento das mulheres na modalidade. “Esporte é para todos. Acredito que, com muito treino, dedicação e incentivo, todos podem conquistar, superar limites e colocar o nome na história do esporte. E as mulheres estão empoderadas, ocupando firme, e com base, posições que ainda não havia sido delas”, conta.

“Com tanta referência de mulheres ‘mito’, acredito que não temos por que temer e acreditar que se pode chegar lá”, destaca Roberta, que comenta ainda sobre a participação das atletas brasileiras nos Jogos Olímpicos no skate street. “Para quem não acompanha a cena do skate, pode até ter sido surpreendido, mas para nós, skatistas, já era mais do que esperada uma ótima colocação das atletas, por conta de seus feitos em suas carreiras”.

“Tivemos três brasileiras que dispensam apresentações. Todas com carreiras consolidadas e resultados em competições que já mostram o nosso favoritismo. Rayssa Leal vem mostrando um skate de alto nível desde que surgiu nas grandes mídias, como a ‘Fadinha’. Ela se entregou para o skate de verdade e fez com que o sonho virasse realidade. Com 13 aninhos e já estreia conquistou uma prata olímpica”, acrescenta a instrutora.

“E não vai parar por aí não, ainda veremos muitas garotas que já estão treinando e se dedicando para elevar o nível e a constância de suas manobras”, diz Roberta, que aproveita para destacar que é preciso incentivar e “normalizar quando uma menina opta por querer aprender skate”. “Se a vontade de andar de skate for genuína, a evolução virá com o treinamento e dedicação do dia a dia. Assim como na vida, nada é fácil e no skate não seria diferente. Skate não são só manobras e campeonatos, skate é vivência, autoestima e, acima de tudo, diversão. Ande de skate e se divirta”, aconselha.

Inspiração

Mal faturou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos e “Fadinha” já está inspirando. É o caso de Clara Francischinelli Gonzales, de sete anos, que se interessou pelo skate ao ver uma reportagem, na semana passada, falando sobre a “Fadinha” como grande aposta para medalha. A menina ficou encantada. “Ela não tem noção nenhuma de skate, nunca andou, mas adorou. Já pediu até para eu comprar um skate pra ela”, disse Telma Francischinelli, mãe de Clara.

Clara, de apenas sete anos, se inspira na “Fadinha” e inicia contato com o skate (Foto: Arquivo pessoal)

Independente se a garota seguirá com a prática, o apoio já possui. “Fiquei feliz por ter partido dela, mas vamos ver se ela vai se apaixonar mesmo ou será só empolgação de criança. A mim, cabe incentivá-la”, destaca Telma. A mãe da Clarinha, como é chamada, enaltece o feito de Rayssa Leal. “Acho bárbaro uma menina de 13 anos ser inspiração e alegria para o Brasil. Ainda mais nesse momento tão triste que vivemos”, frisa.

“Com certeza Rayssa será uma inspiração para muitas meninas. Eu fui adolescente em 1992, quando os meninos do vôlei levaram o ouro em Barcelona, e minha geração foi inspirada e cresceu apaixonada por voleibol. Acredito que o mesmo ocorrerá com o skate, aliás, já está acontecendo”, conclui Telma.

O skate brasileiro feminino ainda segue com chance de mais medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Na terça-feira (03), Yndiara Asp, Isadora Pacheco e Dora Varella disputarão as eliminatórias da categoria park.