Movimento monarquista realiza ato no dia da Proclamação da República em Itu
Na quinta-feira (15), foi celebrado o 129º aniversário da Proclamação da República, no Brasil, pondo fim ao regime monárquico do Brasil instaurado desde 7 de setembro de 1822, data da Independência do país.
Em uma data em que Itu, conhecida como o “Berço da República”, recebe muitos turistas, um grupo, denominado “Itu, Fidelíssima do Império”, se reuniu com pessoas vindas das cidades de Sorocaba, Cabreúva, Porto Feliz e Piracicaba, para realizar uma caminhada cultural em prol da volta da monarquia.
O ato, que contou com a participação de aproximadamente 50 pessoas, foi organizado por César Rogério Jaques, de 39 anos, que há quatro anos milita no movimento monarquista. Ao Periscópio, ele explica suas motivações. “Achamos que a monarquia é melhor para o país porque é só pegar e se basear nas monarquias atuais e ver que os países com os maiores Índices de Desenvolvimento Humano, os mais felizes e os mais democráticos são os monárquicos”.
Jaques conta ainda como deveria ser o regime em um possível retorno. “A ideia é trazer para o país não uma Monarquia ultrapassada, mas atualizada, constitucional, parlamentarista, quando o imperador é apartidário e tem o poder de dissolver o parlamento em caso de corrupção. Na situação da ex-presidente Dilma (Rousseff), por exemplo, demorou quase um ano para ser tirada do cargo. Seria tirada em um dia e seriam convocadas novas eleições. O processo de um país parlamentarista monárquico é muito mais rápido de se resolver problemas de corrupção”, afirma.
Durante o período eleitoral, Jaques participou de diversas manifestações em prol ao então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), hoje eleito. Questionado sobre sua participação sendo um monarquista, ele explica. “Como nós vivemos em um país republicano, nós temos que aceitar e se a gente não participar de um processo democrático, de uma eleição apoiando um candidato, a gente fica para trás, daí a gente tem que aceitar os que estão lá no poder, comandando e não tem como opinar, fazer nada. Pela ideologia do Bolsonaro, por ele ser conservador, uma pessoa de família, tudo foi um fator”, pondera.
O ato teve início nas dependências da Casa Imperial, que foi aberta ao movimento pela proprietária do espaço, a professora Maria Lúcia Caselli, que na oportunidade comentou a respeito do evento ao JP. “Aqui é uma parte da memória de Itu e hoje estou abrindo a casa para este núcleo monarquista, deixando que também tenha a oportunidade de conhecer a casa e preservar suas ideias, que não são exatamente as minhas, mas recebo com o maior prazer, porque quem é democrata tem que aceitar todas as ideias e respeitar a todos”.
Convidado pela organização do evento a promover intervenções, o professor e historiador Luis Roberto de Francisco falou sobre o movimento. “Não sou monarquista, sou republicano, que fique bem claro, mas eu acho um movimento importante, bonito, patriótico. A democracia realmente abriga todas essas tendências diferentes de pensar o Estado e a gestão do Estado como pode ser. Nós somos uma República hoje, já fomos uma Monarquia, mas é um movimento muito bonito”.
Após saída da Casa Imperial, os participantes, portando bandeiras do Brasil Império, trafegaram pelas ruas históricas, se dirigindo até a residência do engenheiro Jair de Oliveira, passando pela Praça da Matriz.
Posteriormente, o grupo se dirigiu ao Museu Republicano, onde cantou o Hino da Independência e o organizador do ato fez um discurso contra a República, dizendo que o mesmo foi um Golpe Militar, em meio a palavras de ordem dos demais participantes, de “Fora, República”.
Os adeptos do movimento monarquista partiram então para a Praça da Independência, onde o ato foi encerrado. César, porém, garante que este foi só o início do grupo na cidade. “No dia 24 deste mês, farei uma palestra privada sobre a Monarquia e no primeiro semestre do ano que vem, faremos o primeiro encontro monárquico aqui em Itu, com a presença de membros da Família Imperial do Brasil”, encerra. (Daniel Nápoli)
Meu deus