O Carnaval é necessário?
Por André Roedel
Começou o Carnaval, a grande festa que provoca reações diversas no povo brasileiro. Quem gosta da folia de momo fica alegre, se diverte com as marchinhas, com os blocos, os desfiles das escolas de samba, as irresistíveis matinês e por aí vai. Já quem não gosta tem duas opções: fazer outras coisas ou falar mal da festa. Geralmente optam pela segunda opção.
Chega a dar um pouco de vergonha alheia, mas é o que a gente mais vê (principalmente nessa era das redes sociais): gente que não curte o período carnavalesco espezinhando e criticando quem gosta. Qual a necessidade disso? Nenhuma, mas eles insistem. Um dos principais “argumentos” usados por esse pessoal é que o Carnaval não é uma festa brasileira e que não tem mais nada de popular.
Realmente, o Carnaval não nasceu no Brasil. Historiadores acreditam que o conceito nasceu na Grécia antiga, mas o modelo conhecido atualmente ficou popular em Paris, na França. Só que foi no Rio de Janeiro que a festa foi elevada a um patamar maior. Ou seja: assim como o futebol, o Carnaval foi criado em outro país, mas o brasileiro aperfeiçoou.
E quanto a questão de ser popular ou não, aí vai da condição financeira de cada um. Claro que hoje existem festas em que somente a entrada custa alguns salários mínimos – o que acaba causando certa segregação – mas ainda ocorrem festejos acessíveis, em que qualquer cidadão pode participar. Mas o argumento mais usado pelo pessoal que não gosta de Carnaval é que não deveria existir dinheiro público na festa.
Meu espírito liberal e admirador do Estado mínimo apoia essa ideia, porém sabemos que isso não é fácil. Em cidades menores, toda e qualquer manifestação cultural necessita – e muito – do apoio governamental para sobreviver. É o que acontece em Itu, por exemplo. Não fosse a Prefeitura financiar a festa – contando, neste ano, também com o apoio de grandes empresas – dificilmente a folia iria acontecer.
Quem não tem condição de pagar centenas de reais nos abadás que dão acesso às grandes festas em cidades como Pernambuco, Salvador e o próprio Rio, tem no Carnaval de rua de cidades do interior uma opção econômica de se divertir. E a diversão é algo necessário, até porque o povo brasileiro já sofre demais no dia a dia. Ele precisa ter um momento para esquecer dessas mazelas e cair na folia. E quem não gosta, tem um feriado prolongado para descansar, colocar a leitura em dia, assistir TV e fazer tantas outras coisas. Basta ter consciência que o Carnaval é necessário. Pode não ser para você, mas com certeza é para uma grande parcela do país.