O pós-eleição

Por Ivan Valini

Passado o período das disputas e dos memoráveis embates que marcaram as eleições municipais, inicia-se um período de transição, momento em que se descortinam os imensos desafios que aguardam os futuros prefeitos, que foram eleitos em 2 de outubro e começarão a administrar seus respectivos municípios em janeiro de 2017. Alguns estão na pauta de urgências do eleitorado, que aposta em mudanças.

No topo da lista de reivindicações em quase todos os cantos de Itu está a melhoria significativa nos serviços de saúde, área que foi eleita como prioridade pela maioria dos candidatos que, em campanha, apresentaram propostas e ideias para uma transformação na qualidade do atendimento, ampliação da oferta de internações, procedimentos de média e alta complexidade, mais médicos e aquisição de equipamentos. Enfim, essa sem dúvidas será a primeira grande preocupação de moradores e gestores.

A crise financeira, o consequente recuo dos repasses e as dificuldades na aquisição de convênios junto aos governos estadual e federal preocupam e muito os novos gestores eleitos. Um tempo de desafios está anunciado, onde a criatividade, muita dedicação e esforços diários serão decisivos para atender às cobranças das comunidades. Guilherme Gazzola não só terá que recuperar e melhorar a capacidade de investimento da Prefeitura, como renovar as esperanças e promover a retomada da força de trabalho do poder público.

Outro desafio que estará no caminho do novo prefeito é o de enfrentar os efeitos devastadores que a crise econômica nacional provocou no mercado de trabalho, quando reduziram-se as vagas de emprego em todos os segmentos da cadeia econômica.

Atrair novos empreendimentos será essencial para gerar emprego e renda. Essa é a única maneira de cumprir com as promessas de criação de campos de trabalho e segurar a população em idade economicamente ativa no município.
Também será decisivo para Gazzola possuir uma visão ampliada do funcionamento pleno de uma gestão municipal, ter iniciativas, ir buscar apoios, estabelecer os canais de parcerias com instituições e a iniciativa privada, ter que convencer investidores, o que exigirá capacidade de diálogo, influência, prestígio e poder de negociação, a fim de carrear recursos de fora para o município. A população, cada vez mais exigente, espera por políticas públicas de resultados.

Administrar somente com os recursos de repasses constitucionais, destinar percentuais previstos em lei não basta para garantir a qualidade de setores prioritários, como a saúde, educação, limpeza urbana, saneamento, pavimentação, modernização da frota e promoção social. Tudo sem falar na folha de pessoal, a maior dor de cabeça de prefeitos que convivem com diminuição de recursos e a elevação anual de salários e benefícios.

E a Câmara? Bem, é quase certo que o Executivo não vai ter oposição alguma, pois logo após a divulgação dos resultados a equipe do futuro prefeito saiu a campo para conversar com os novos eleitos pela ‘oposição’.

Esperar que o comportamento mude, depois de décadas de servilismo ao prefeito eleito, é ser ingênuo. O grau de comprometimento de cada um deles para com o grupo político que representam e ao povo é nenhum. E não vai aqui nenhuma crítica, pois esse modelo é imposto de cima para baixo. Manda quem tem a caneta, obedece quem dela precisa.

De todo modo, é prematuro avaliar a conduta da nova Câmara até porque nem foram diplomados e empossados, o que se dará, respectivamente, em dezembro e em 1º de janeiro de 2017. Porém, a história já provou que se os “macacos velhos” nada têm a acrescentar, imagine os novos, a quem ainda será ensinado o caminho das pedras.

O tom da conversa caminha no sentido de que a o prefeito terá um salvo conduto desde agora, mas com validade até que surtam efeito os primeiros resultados práticos de seu governo e daquilo que a população espera.

Enfim, tenho certeza que o desejo do contribuinte é que, apesar das dificuldades que se desenham no cenário para os próximos anos, Guilherme Gazzola consiga superar com habilidade, humildade e muito trabalho tais obstáculos, para que Itu siga avançando, ofertando dignidade e melhor qualidade de vida às famílias, especialmente as mais carentes.