Pantera Negra
Por André Roedel
Pantera Negra já está entre nós! O novo filme da Marvel Studios chega pra introduzir devidamente o personagem criado por Stan Lee na década de 1960 (auge dos conflitos raciais e disputas por igualdade nos EUA) no universo cinematográfico. Mas agora temos, de fato, sua história sendo contada. Mais do que isso: a história de todos ao seu redor.
O filme começa com um prólogo belíssimo contando os primórdios de Wakanda, terra do personagem, e a origem dos Panteras Negras, lendários protetores daquele lugar repleto de mistérios e que se mantém fechado para os demais povos. O roteiro é todo bem costurado, dando andamento à trama e apresentando bem todos os personagens.
Mais do que apresenta: faz o espectador se importar com eles. Diferente de muitos filmes do gênero que você sai da sala de cinema sem lembrar o nome de mais da metade dos personagens secundários, em Pantera Negra você consegue dar valor a todos. Da princesa Shuri (Letitia Wright), passando pelas Dora Milaje (a guarda real de Wakanda, encabeçada pela Okoye de Danai Gurira) e até um dos poucos rostos brancos do filme, Everett Ross (Martin Freeman).
Isso é conseguido graças à ótima direção de Ryan Coogler, que consegue dar tempo de tela a todos e faz uma direção acertada –apesar de um tanto decepcionante no embate final da trama, que mostra o príncipe T’Challa (Chadwick Boseman) assumindo a coroa real e o manto do Pantera, enquanto precisa sair à procura do vilão Ulysses Klaue (Andy Serkis).
Paralelamente, o Pantera tem que lidar com uma disputa pelo trono recém-ocupado. Além de Klaue, o herói wakandano precisa enfrentar Erik Killmonger. O “vilão” (não dá bem pra chamá-lo de vilão. Só vendo o filme para entender) é interpretado por Michael B. Jordan, que reedita a parceria com Coogler em Creed: Nascido Para Lutar e entrega um personagem profundo, com nuances poucas vezes exploradas em filmes da Marvel Comics.
Com roteiro acertado, design de produção impecável, direção ótima e um elenco recheado dos melhores atores negros da atualidade em Hollywood (Lupita Nyong’o, Daniel Kaluuya, Sterling K. Brown, Forest Whitaker e Angela Basset também fazem parte do longa), Pantera Negra também acerta em cheio ao falar de segregação, racismo e preconceito para o amplo público de um blockbuster baseado em quadrinhos. Traz um discurso político poucas vezes visto em filmes do tipo, falando até sobre a polêmica dos imigrantes e com diálogos poderosos.
Pantera Negra, que pra mim só desliza em exagerar na computação gráfica em algumas cenas e na falta de imponência de T’Challa, é um filmaço que une entretenimento, qualidade audiovisual e importância social – coisa que poucos conseguem. E ainda tem uma trilha sonora de primeira, com sons de Kendrick Lamar. Se vale o ingresso? Mas é claro!
NOTA:
.