Pároco de Itu parte como missionário voluntário na África

O Padre Adriano Ferreira Rodrigues, pároco da Igreja de São João Batista, em Itu, embarca no fim deste mês como voluntário para Pemba, município de Moçambique, na África.

A região é uma das mais pobres do Continente, carente de tudo, tanto que as ‘escolas’ são árvores frondosas, sob as quais os alunos se sentam no chão para acompanhar as aulas. Cada ‘classe’ tem o nome da árvore sob a qual os alunos se reúnem e poucos entre os dois milhões de habitantes negros da região sabem falar português, idioma oficial, pois a comunicação é feita nos dialetos de cada tribo. Os católicos são minoria entre os nativos, que na maioria são muçulmanos ou animistas.

Como falta tudo na região, que é muito seca, o próprio padre terá que construir a igreja e cavar o poço para que possa ter água, mas parte confiante no trabalho do grupo que integra e que terá 17 brasileiros, todos voluntários, quatro padres, dois diáconos, oito freiras e três leigos.

Padre Adriano, que é de Jundiaí e há muito trabalha em Itu, se ofereceu para ficar por quatro anos em Moçambique, atendendo ao apelo do bispo de Pemba, o carioca Dom Luiz Fernando Lisboa.

O bispo tem dificuldade em atender espiritualmente aos 600 mil católicos da região, que vivem em comunidades distantes entre si e interligadas por estradas de terra. “Há uma paróquia com 140 comunidades”. E por falta de automóvel, carência de transporte e estradas de má qualidade, o padre responsável leva três anos para visitar todo seu rebanho, conta Dom Luiz.

As dificuldades são de toda ordem, pois a região é seca, dificultando a agricultura. Há falta de energia elétrica, de recursos para a saúde e tudo é difícil, já que Pemba está a 2.400 quilômetros da Capital, Maputo. Além da agricultura familiar, para produzir o próprio alimento, a população trabalha em empresas que exploram gás natural e garimpam diamantes.

A área da diocese é imensa, quase do tamanho de Portugal, e padre Adriano vai assumir uma das três novas paróquias cujas igrejas ainda não existem. “Nós mesmos vamos construí-las” mas os desafios não preocupam, diz padre Adriano, pois antes de vir para Itu, já trabalhou em Serra Pelada, cujo garimpo e dificuldades tem muito a ver com o que vai encontrar na África. *Com a colaboração de Luiz Roberto de Souza Queiroz