Queda de idosos: saiba os cuidados que devem ser tomados

Apesar de frequentes, as quedas podem ser evitadas (Foto: Reprodução)

No dia 27 de março, um idoso de 68 anos faleceu em Itu em decorrência de um acidente doméstico, ocorrido dois dias antes. O homem caiu do telhado de sua residência enquanto fazia reparos, apresentando diversas lesões que ocasionaram sua morte.

Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, divulgados pelo Governo Federal, a estimativa entre os idosos com 80 anos ou mais é que 40% sofram quedas todos os anos. Dos que moram em instituições de longa permanência, asilos ou casas de repouso, a frequência de quedas é ainda maior: 50%.

Apesar de frequentes, as quedas podem ser evitadas. Algumas atividades e comportamentos de risco tendem a aumentar a possibilidade de cair, assim como ambientes inseguros. O JP conversou com dois profissionais que destacaram os cuidados que devem ser tomados pelos idosos.

De acordo com o Dr. Marcos Juliano dos Santos, neurocirurgião, tem ocorrido um aumento dos acidentes domésticos com idosos e lesões traumáticas. “É uma tendência nos últimos dez anos. O número de óbitos nos pacientes idosos relacionados a acidentes domésticos aumentou 100%. Eu acho que a principal causa é que a população brasileira envelheceu nos últimos anos. Essa faixa etária acima dos 65 anos temos mais cidadãos do que tínhamos proporcionalmente há décadas atrás”, informa.

O médico explica ainda que outras comorbidades, como a artrose, a diabetes e a hipertensão, podem contribuir para as quedas, além da diminuição da massa muscular que atrapalha um pouco a locomoção. “Apesar da sobrevida das pessoas terem aumentado, elas acabam convivendo mais tempo com essas limitações físicas e isso leva a esse aumento, ficam mais expostas”.

Dr. Marcos destaca que o que pode e deve ser feito como prevenção é uma melhor preparação, um melhor condicionamento ao longo da vida. “No ponto de vista muscular e articular para que cheguem nessa faixa etária com menos menos enfraquecimento muscular que é esperado para a faixa etária, além de controlar outras comorbidades, doenças crônicas como artrose, diabetes e pressão alta”.

Médica homeopata com atuação em geriatria cooperada da Unimed Salto/Itu, a Dra. Priscilla de Oliveira Cervezão reforça sobre a prevenção. “Manter uma boa iluminação de todos os ambientes, principalmente à noite; tapetes devem estar fixos no chão ou serem removidos, devido ao risco de tropeçar. No banheiro, na cozinha ou em outras áreas que podem ser molhadas, os tapetes devem ser antiderrapantes; retirar obstáculos, como mesas de centro, fios soltos ou objetos espalhados pelo chão – atenção à presença de bebês e crianças menores”.

A profissional prossegue. “Não usar chinelos de dedo ou sandálias “rasteirinhas”, preferindo sapatos fechados e com sola de borracha, que aderem melhor ao chão; providenciar corrimãos em escadas, corredores, bem como barras de apoio no vaso sanitário e chuveiro. O piso dos degraus deve ser antiderrapante e o degrau deve ter uma cor que se destaque em relação às paredes, para melhor visualização; não encerar o chão; deixar o telefone fixo ou celular em um local de fácil acesso, no caso de precisar de ajuda”.

Se orientado por algum profissional de saúde (médico, enfermeiro, fisioterapeuta, educador físico) o idoso de acordo com a geriatra, deve usar bengala, andador (com base de borracha) ou cadeira de rodas.

A profissional destaca ainda que se o idoso for utilizar ônibus, deve esperar o veículo parar completamente para subir ou descer e em caso de queda, em qualquer ambiente que for, por menor que seja a queda, sempre procure o médico. Dra. Priscilla comenta ainda que, além dos ambientes, cuidados com a saúde podem prevenir as quedas. 

“Tratar problemas de visão e audição, porque esta é diretamente ligada ao controle do equilíbrio; verificar se há problemas nos pés e reavaliar os calçados; checar os medicamentos, vendo se algum pode deixar o paciente sonolento ou abaixar demais a pressão; fazer exercícios periodicamente, principalmente com treinos de equilíbrio e força, observando como o indivíduo caminha, para corrigir problemas que possam levá-lo a cair mais frequentemente”.

Além disso, a médica destaca que deve-se procurar o médico para ver se há necessidade de suplementar cálcio ou vitamina D. Sobre os riscos, de acordo com a profissional, os principais são os traumas, agudos ou crônicos. Nos casos agudos, além de ferimentos superficiais, como escoriações e cortes, podem provocar ferimentos perfurantes, contusões e fraturas (“quebrar um osso”), como as de punho e fêmur.

“Nos casos mais crônicos, em casos de quedas que envolvam traumatismo craniano, pode se formar um hematoma dentro da cabeça, denominado hematoma subdural, que pode necessitar de cirurgia. Quedas frequentes estão relacionadas a uma maior mortalidade do idoso, por isso a grande importância de sua prevenção”, conclui.