Representante do Memorial do Holocausto fala sobre conflito em Gaza
Na sessão da última terça-feira (27/02), o escritor e diretor Marcio Pitliuk, representante do Memorial do Holocausto e um dos maiores especialistas sobre o tema no Brasil, usou a Tribuna Livre para falar sobre o conflito no Oriente Médio. Morador de Itu e membro da Academia Ituana de Letras (Acadil), Pitliuk também criticou as recentes falas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Judeu e amigo do presidente da Câmara, Dr. Ricardo Giordani (PL), o orador disse não ser favorável nem a Lula nem ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Logo em seguida, traçou um histórico sobre a origem das religiões e do povo judeu. Também falou sobre a constituição do Estado de Israel, após a Segunda Guerra Mundial.
Segundo ele, não se chega a um acordo de paz na região porque os palestinos são “usados como peões” para manter o conflito. “Os líderes terroristas vivem disso, ganham bilhões de dólares. Os grupos terroristas têm um objetivo: destruir Israel”, disse Pitliuk, recordando os ataques da organização terrorista Hamas de 7 de outubro de 2023 em Israel. “Assassinaram 1.200 judeus em poucas horas”.
O especialista, então, disse que por conta dos ataques, Israel “precisou reagir” e invadiu a Faixa de Gaza. “Acusam Israel de atacar Gaza. O que Israel deveria fazer? Esquecer os 240 reféns, largar seus filhos, irmãs e irmãos nas mãos dos terroristas?”, questionou ele, dizendo que o Hamas usou os palestinos de “escudos humanos” para os terroristas.
Pitliuk também negou que Israel cometa genocídio, informando que hoje existe 20 vezes mais palestinos do que há 75 anos. “É claro que morrem palestinos e ninguém deseja isso, mas o Hamas não entrega os reféns”, justificou. O Ministério da Saúde da Palestina, controlado pelo Hamas, afirmou na quinta-feira (29/02) que o número de palestinos mortos no conflito chegou a 30.035. Os feridos somam 70.457.
Fala de Lula
O orador também comentou sobre a fala de Lula, dizendo que ele “embarcou no discurso” do Hamas. “Orientado pelo seu assessor de diplomacia internacional Celso Amorim, Lula ofendeu todos os judeus do mundo, comparando a guerra de Gaza ao Holocausto”, disse Pitliuk, reiterando que Israel não comete genocídio e que nada pode ser comparado ao Holocausto, que foi a morte sistemática de seis milhões de judeus pela Alemanha nazista.
“Lula causou mal-estar diplomático e rebaixou a diplomacia brasileira ao nível das ditaduras. Felizmente, o Brasil não é Lula”, prosseguiu o orador, recordando a boa relação entre judeus e o povo brasileiro. Pitliuk foi aplaudido pelos vereadores e pelo público presente. Em seguida, os edis elogiaram o discurso e também criticaram o presidente da República.
Giordani disse que a fala de Lula foi uma ofensa à comunidade judaica. “Esperar o que de um sujeito desse?”, questionou o presidente da Câmara. Dr. José Galvão (União), por sua vez, pediu que o discurso de Pitliuk fosse registrado na íntegra na ata de trabalhos. Já Maria do Carmo Piunti (PSC) disse que “nada se compara ao genocídio que foi feito aos judeus”. Já o vice-presidente Normino da Rádio (Cidadania) disse que a fala de Lula foi “infame”.