Saúde em Foco: Cefaleias
Por Dr. Eneas Rocco*
Cefaleia é o nome técnico da dor de cabeça. Não no sentido figurado, mas no sentido físico da palavra. Quando as pessoas dizem “eu tenho um problema para resolver que está dando a maior dor de cabeça”, elas referem-se à dor de cabeça propriamente dita, um sintoma desagradável, perturbador e às vezes tão intenso, que nos leva a buscar repouso no escuro de nossos dormitórios, ou no pior caso em um pronto socorro.
As cefaleias, constituem queixa bastante comum na busca de consulta em ambulatórios médicos, a exemplo de outros sintomas abordados em nossas colunas anteriores do Jornal Periscópio.
À semelhança do que acontece com as dores de outras localizações, as cefaleias também podem surgir em diferentes pontos da cabeça, apresentar irradiação, característica dolorosa variada como em pontada ou latejante, durar de poucos minutos a muitas horas, intensidade fraca ou intensa, e decorrer de causas diversas.
Elas podem ser causadas por maus hábitos, como a má qualidade do sono, estresse mental, alimentação irregular com muitas horas seguidas de jejum, posturas físicas incorretas. A correção desses fatores desencadeantes da cefaleia, deve ser priorizada nesses pacientes.
Por outro lado, as alterações orgânicas podem estar na origem da cefaleia; processos infecciosos por exemplo, como a sinusite ou a meningite, doenças não transmissíveis como a neuralgia do trigêmeo que é um par nervoso craniano, problemas de coluna cervical que irradiam para a cabeça, problemas psicológicos, odontológicos, oftálmicos como o glaucoma, a enxaqueca, que constitui um tipo particular de cefaleia, entre outras causas.
Determinados sinais quando acompanham a cefaleia, podem indicar uma complicação grave por trás da dor; é o caso das febres elevadas, da presença de sinais neurológicos como confusão mental, dificuldade para falar ou enxergar, convulsões ou alterações na marcha. Esses sinais quando presentes, devem motivar a busca imediata de atendimento médico.
Em geral, as cefaleias não se apresentam uma única vez, a menos que sua causa seja diagnosticada e erradicada. Sua aparição costuma ter uma periodicidade, às vezes com piora progressiva da intensidade ou da duração, conforme a origem. Essas características devem ser investigadas por um médico clínico ou por neurologista, visando seu diagnóstico e tratamento.
Além do alívio da dor, que é o principal objetivo a ser alcançado, o médico deverá pesquisar as causas da cefaleia e tratá-las para evitar a repetição das crises.
A enxaqueca, um tipo especial de cefaleia, se caracteriza pela dor em geral de um lado da cabeça, caráter latejante, acompanhada geralmente de náusea, tontura, intolerância à luminosidade e a ruídos. A enxaqueca costuma ter duração e intensidade variáveis e muitas vezes se torna um sintoma incapacitante. Sua intensidade costuma ser crescente, se a medicação não for ministrada no início das crises. Hoje há medicamentos mais específicos para tratar a enxaqueca, que podem ser utilizados até em tomadas diárias para prevenir o seu aparecimento.
A frequência das crises de cefaleia, pode ser diminuída através de hábitos saudáveis. A introdução dos hábitos saudáveis em nosso cotidiano, deve ser uma constante em nossas vidas; é a nossa parte no cuidado com a saúde. Assim, a prática regular de exercícios, a hidratação adequada, refeições bem distribuídas, correção postural, cuidados com o sono e estresse, além da observância dos gatilhos aos quais nos referimos nesta coluna, são questões essenciais no tratamento das dores de cabeça! Boa semana a todos!
*Dr. Eneas Rocco (CREMESP 25643) é formado pela Faculdade de Medicina da PUC-SP – Campus Sorocaba, com especialização pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Matarazzo de São Paulo.