Secretária e coordenadora falam sobre o trabalho feito no Hospital de Campanha
Com o avanço da vacinação e a queda nos casos de Covid-19 na cidade, a Prefeitura optou por desativar no último dia 17 o Hospital de Campanha – que havia sido inaugurado em abril do ano passado. O espaço, anexo à Santa Casa, será usado para novos projetos da Secretaria Municipal de Saúde, que ainda demandam tratativas com o Governo do Estado.
Ao longo desses 17 meses de trabalho, o Hospital de Campanha atendeu 1.493 pacientes. A maioria deles se recuperou dessa doença que mudou nossa rotina, mas alguns padeceram. Além desses ituanos que por ali passaram, profissionais de saúde estiveram no local dando todo o suporte.
Como uma forma de tributo a esses incansáveis trabalhadores, o JP conversou com a secretária municipal de Saúde, Janaina Guerino de Camargo, e a enfermeira coordenadora do Hospital de Campanha, Luciana Maria Nunes Lelli, que relembram momentos importantes dentro daquele espaço, que foi determinante para o atendimento de pacientes contaminados com o novo coronavírus.
Janaina conta que logo que a pandemia se instalou a administração viu a necessidade de se iniciar um hospital de campanha. “Foi bastante importante e em uma estrutura que não era desmontável. Não fizemos com lona em qualquer lugar; nós fizemos em uma unidade hospitalar”, relembra a secretária, destacando o apoio da sociedade através de doações da iniciativa privada.
Já Luciana destaca a formação da equipe – com apenas funcionários da rede pública – “em tempo recorde”. Segundo ela, foram chamados principalmente os profissionais com experiência em urgência e emergência. A enfermeira explica ainda que não precisou ser feita convocação: todos aceitaram de pronto atuar na difícil missão, sendo que a maioria seguiu até o fechamento da unidade.
“Montar um hospital não é fácil. Ainda mais de uma patologia que ninguém conhecia nada”, disse Luciana, destacando o aprendizado no período. “Saímos de lá melhores como profissionais e seres humanos”. Outro empecilho é que os profissionais de saúde estavam na linha de frente, expostos. Muitos chegaram a contrair a doença. E houve um óbito, de um funcionário da recepção.
Luciana conta que a equipe saiu muito esgotada, mas trabalhou com muito amor. “Cada um tem uma história com um paciente. Nós somos uma ‘família campanha’. Até hoje eu recebo ‘bom dia’ de familiar de paciente até que foi a óbito. A gente criou um vínculo com muitas pessoas”, relata a enfermeira.
Ela relembra que muitas vezes os funcionários faziam videochamadas dos próprios celulares para os pacientes poderem conversar com os familiares. “No Covid, você via que a questão emocional complicava muito o quadro do paciente”, informa.
Momentos
Luciana destaca que as manhãs no Hospital de Campanha eram “muito ruins”. Isso porque era hora de dar banho nos pacientes, mas os mesmos chegavam a desmaiar por conta da falta de oxigênio.
“A gente aprendeu que o paciente com Covid não pode sair da cama”, conta a enfermeira, relembrando períodos em que eram entubados de quatro a cinco pacientes por dia. Para ela, o pior momento foi na “segunda onda” no início deste ano, quando houve um aumento exponencial de contaminados e os casos eram mais graves – principalmente em pessoas mais novas.
Nesse período, foi necessário aumentar o número de leitos do hospital. “Infelizmente as perdas acontecem, mas nenhuma foi por falta de assistência”, frisa a secretária de Saúde. Já a coordenadora também destaca que não houve em nenhum momento falta de insumos e equipamentos, como sedativos e respiradores.
O início da vacinação foi um alento. Itu foi a primeira cidade da região a aplicar o imunizante nos profissionais de saúde, justamente no Hospital de Campanha. Luciana foi a primeira a aplicar a vacina, sendo a segunda a receber. E a imunização teve reflexos logo. A enfermeira relembra a diminuição de casos entre os profissionais nas primeiras semanas. “E agora, com a vacinação aqui fora, foi uma queda brusca”.
E isso foi determinante para o fechamento da unidade, que foi mantida em funcionamento principalmente por precaução. “Chegou uma hora que a gente não tinha mais paciente grave internado”, informa Luciana. Hoje, a cidade conta com 10 leitos de enfermaria e 10 de UTI para Covid na Santa Casa. A torcida, agora, é para que em breve a pandemia deixe de existir. Até lá, a recomendação é continuar se cuidando – com esperança.