Sem tabu

O toque retal – mais conhecido como “exame de toque” – precisa parar de ser visto como algo vergonhoso e ser encarado como um procedimento necessário

ANA LUÍSA TOMBA

No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor de próstata é o segundo mais comum entre homens – ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma – e deverá chegar a 61.200 novos casos diagnosticados no país em 2016.

Ao receberem o diagnóstico do câncer de próstata, muitos se questionam sobre as causas da doença e os possíveis tratamentos que podem ser seguidos. No começo, pelo fato dos sintomas serem silenciosos, o câncer de próstata é de difícil diagnóstico, já que a maioria dos pacientes apresenta indícios apenas nas fases mais avançadas da doença. Por isso, o exame de toque é tão importante. Em se tratando de saúde, é preciso deixar de lado o machismo e o preconceito.

O Dr. Leonardo S. Bossi, da NEO Clínica, esclarece algumas dúvidas sobre o câncer de próstata:

Exames
“O toque retal é insubstituível na avaliação do risco do tumor de próstata porque os tumores mais agressivos tendem a ocorrer em pacientes mais jovens. O problema é que são tumores que não elevam significativamente no exame de sangue (PSA). Dessa forma o toque retal pode identificar alterações no formato da próstata mesmo antes da doença causar maiores problemas em homens jovens.”

Sintomas
“Os sintomas do câncer de próstata estão muito mais relacionados a metástases, que é quando a doença se espalha para outros órgãos. Nessa fase a doença já não é mais curável e os pacientes não devem ser estimulados a aguardarem sintomas para procurarem os médicos pela suspeita de câncer de próstata.”

Possíveis causas
“Não existe uma causa isolada para esse tipo de câncer, ou seja, não existe uma situação que sozinha explique a ocorrência da doença. Existem comportamentos de risco observados em estudos, e, dessa forma, sempre estimulamos hábitos saudáveis de vida – atividade física regular, não fumar, não beber em excesso, evitar obesidade através de alimentação equilibrada – também para diminuir o risco desse tumor. Além disso, quando há parentes acometidos por essa doença, as orientações devem ser individualizadas e discutidas antes com o médico”

Preconceito
“A orientação para o exame retal depende muito de cada paciente, mas cabe ao médico desmistificar essa situação e individualizar essa abordagem. Algumas vezes, tratamos os pacientes de forma mais descontraída, já outros são mais retraídos, mas o importante é o profissional médico nunca deixar de fazer o exame por qualquer questão de preconceito. Há os pacientes que não aceitam o exame em nenhuma hipótese, nesses casos cabe ao médico sempre explicar a necessidade explícita do mesmo ao paciente. No entanto, no final, é sempre uma decisão particular.”