Toda a sujeira do Rio Tietê passa antes por Itu

Nos últimos dias, Salto tem sido, tristemente, foco das atenções por conta da grande poluição do Rio Tietê. Com as chuvas dos últimos dias, a cidade recebe toneladas de lixo que chegam pelas águas do mais importante rio do Estado de São Paulo.

A correnteza tem levado toneladas de lixo para a cidade vizinha, principalmente quando há chuvas e as barragens de Santana de Parnaíba e Pirapora o Bom Jesus são abertas.
Salto, então, acaba recebendo todo esse lixo e precisa arcar com o ônus e um trabalho enorme para a limpeza, impedindo, em parte, que garrafas PET, isopor, pneus, chinelos e outros detritos sigam pelo curso natural do rio.

Mas antes de chegar ao município, todo esse monstruoso volume de lixo passa por Itu, vindo de Cabreúva e, antes de seguir a Salto, navega livremente por águas do Tietê no município ituano.
A reportagem do “Periscópio” visitou esta semana a Estrada Parque, na altura da barragem conhecida como Porto de Areia, onde constatou que muito lixo fica ali retido, impedindo, assim, que Salto seja ainda mais castigada.

A pergunta que fica é: se houvesse um trabalho mais apurado em Itu, Salto seria mais poupada? Mas antes de chegar a Itu, Santana de Parnaíba e Pirapora de Bom Jesus poderiam colaborar na retenção de tantos detritos? Em um período de pouco mais de uma hora, a reportagem constatou inúmeras garrafas PET e toda sorte de dejetos, que vão de latas de cerveja, chinelos e isopores, bolas de futebol, bonecas e até pneus.

Isso sem contar a espuma intensa e fétida que se forma em toda a extensão do rio. Segundo a Sabesp, a espuma é formada pelo fósforo que está presente nos produtos de limpeza – como detergentes e sabão em pó – que precisa de oxigênio para degradar. Sinal de peixes? Absolutamente nenhum.


Mutirão

No último dia 30 de maio, a Prefeitura de Salto realizou um mutirão para a retirada do lixo que se acumulou nas barragens. Através do trabalho realizado pela Secretaria de Obras, mais de 30 toneladas de rejeito foram retiradas somente no primeiro dia de trabalho.

A sujeira no trecho interiorano do Tietê é tanta que a Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Médio Tietê querem cobrar do Comitê do Alto Tietê, onde ficam os municípios da Região Metropolitana de São Paulo, uma compensação. A intenção é ficar com, no mínimo, 10% dos R$ 40 milhões que a agência do Alto Tietê arrecada por ano com a cobrança pelo uso da água.

Assim, seria possível garantir R$ 4 milhões por ano para ações de recuperação no Rio Tietê, algumas emergenciais, como a contenção da sujeira.