Uso de telas durante as férias escolares: é possível flexibilizar com equilíbrio?

Sarah e os filhos Otávio e Maria Rita: passeio na Praça dos Exageros durante as férias (Foto: Arquivo pessoal)

Férias escolares, crianças e adolescentes em casa, pais trabalhando… Como buscar o equilíbrio? Como evitar o uso excessivo de telas pelos pequenos? Como trazer leveza para as famílias com diversão, afeto e interatividade longe de celulares, televisão e tablets? O JP procurou a neuropsicopedagoga Luciana Nunes Vaccari Avi, que traz dicas para pais e mães durante esse período, evitando que as crianças passem todo o tempo em frente às telas.

Segundo ela, vale salientar que o contato excessivo com as telas afeta o bem-estar mental de crianças e jovens. “A comunicação que se estabelece é só da tela para a criança, da criança para a tela não há resposta, não há interação. Nesta fase, o ser humano está com o cérebro em pleno desenvolvimento e, para tal, é preciso interação, estímulo, resposta, trocas afetivas e sensoriais”, destaca a especialista.

De acordo com um estudo realizado pela companhia de tecnologia infantil SuperAwesome, nos Estados Unidos, crianças de 6 a 12 anos estão passando cerca de 50% de seus dias mexendo em telas durante a semana. Mas o recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é que as crianças de 2 a 5 anos utilizem as telas apenas uma hora por dia, enquanto aquelas de 6 a 10 anos, apenas duas horas. “Se você quer diminuir o tempo de telas do seu filho durante as férias escolares, a principal dica é se organizar e realizar bons combinados com ele”, afirma Luciana.

A neuropsicopedagoga entende que está cada vez mais difícil para os pais encontrar espaço na agenda para dar a devida atenção às crianças, em especial no período de férias “A rotina diária é intensa, as exigências profissionais estão cada vez maiores, chegando em casa ainda temos os afazeres domésticos e, muitas vezes, também somos sugados pelos eletrônicos.”

Porém, ela destaca que precisamos brincar mais, nos aproximar e interagir com as crianças. “Várias atividades que envolvem um investimento de tempo pequeno, e que podem fazer com que as férias das crianças sejam inesquecíveis e repletas de aprendizados. Jogos em conjunto, caminhada, até mesmo uma trilha, praticar esportes juntos, passear de bicicleta, fazer viagens curtas, acampar na sala ou na garagem, preparar pratos especiais, assistir a um filme, se aventurar na construção de brinquedos e depois na experimentação deles. Tudo vai depender da qualidade da conexão formada. E o mais importante, é que com o equilíbrio teremos o melhor dos dois mundos. E a diversão será garantida!”

Atividades em Itu

Luciana destaca que a nossa cidade oferece uma diversidade de atividades e espaços que garantem o lazer e a cultura. São pontos como a Cidade das Crianças, Trem da República, Parque do Varvito, Museu do Regimento Deodoro, Museu Republicano, Fazenda do Chocolate e Parque Maeda, muitos com entrada franca. A Praça dos Exageros, por exemplo, foi o destino da jornalista Sarah Vasconcellos Pavani, mãe do Otávio, de 8 anos, e da Maria Rita, de 4 anos, na última terça-feira (08).

“Entendo as férias como um período de descanso da escola, mas não do físico. Criança é movimento, descoberta, aprendizado e como ‘descansar’ uma mente em plena atividade? A infância passa muito rápido, como um triz, logo deve ser vivida no agora. Se a gente deixar essas férias para ‘cessar’ todo esse movimento, iremos perdê-la”, comenta.

Sarah conta que seus filhos são duas crianças ativas e sedentas por conhecimento. “Para isso, gostamos de atividades ao ar livre e procuramos visitar parques e praças públicas (e em Itu temos muitas possibilidades). Quando o clima não é tão favorável, curtimos um cinema em família (no shopping ou uma sessão em casa, com pipoca, claro!). Em casa, a brincadeira também sempre tem agito, como as com bola, corda e música. Amamos o desenho e usamos bastante artigos de papelaria para colorir e expressar nossos sentimentos. As opções são infinitas, mas o melhor sempre será a nossa presença para gerar memória afetiva”, relata.

1. Combinar é o primeiro passo

Faça combinados com seu pequeno deixando tudo bem evidente. Se a questão é ver desenhos demais, a quantidade de episódios que ele vai poder assistir precisa estar definida. Crianças ainda não conseguem entender muito bem sobre a passagem do tempo, então estabelecer limites desta forma pode facilitar o entendimento. Elas precisam de limites claros para entender o que podem e o que não podem fazer.

2. Negociar quando necessário

Que tal jogar uma partida de videogame e depois brincar de algo que tenha mais movimento corporal? Sugerir esse tipo de mistura entre diferentes atividades pode ser interessante para negociar. Uma outra opção é usar as telas para valorizar o exercício físico. Especialmente para os pequenos que vivem em locais com menos opções ao ar livre, jogos ou vídeos que estimulam movimentos são benéficos. Uma competição de dança pode ser bem divertida e saudável!

3. Exemplos fazem muita diferença

Os combinados são ótimos, mas para que funcionem a criança precisa perceber que você também sabe a importância de ter momentos sem telas. Dar um bom exemplo é a melhor forma de mostrar o caminho. Suas ações podem valorizar a leitura, o artesanato e o contato direto com a natureza. Muitas crianças ficam irritadas na ausência dos eletrônicos porque estão com pouco repertório de brincadeiras sem tecnologia. Elas precisam de um estímulo inicial para ter ideias de como sair do círculo vicioso do uso constante da tela e brincar no mundo real.

4. Valorize os momentos em família

Nada substitui o olho no olho, as emoções que nascem do contato real com seu filho. Valorize as atividades físicas feitas em conjunto, as brincadeiras que geram união e as horas das refeições. Tudo isso faz parte do que mais favorece o crescimento e desenvolvimento saudável das crianças.