Aniversário de Itu e Dia da Padroeira: a relação entre as datas
Os bandeirantes Domingos Fernandes (1577/1652) e seu genro Cristóvão Diniz receberam, por sesmaria, a posse das terras dos campos do Pirapitingui em 1604. Em 1610 eles chegaram e tomaram e se apossaram definitivamente, fundando o povoado de Utu-Guaçu e erguendo como marco, uma capela devotada a Nossa Senhora da Candelária.
Essa é, resumidamente, a história da fundação de Itu. A capela em louvor a Nossa Senhora da Candelária foi erguida onde hoje situa-se a Igreja do Bom Jesus. A capela ficou pronta em 02 de fevereiro, que era dia de Nossa Senhora da Candelária e, assim, essa data ficou sendo, oficialmente, o dia da fundação da cidade, e da Santa, sua padroeira. Consta que Domingos Fernandes era devoto da Santa.
Foi em torno da capela que o povoado se formou. Em 1653, o povoado foi elevado à Freguesia de Santana do Parnaíba e quatro anos após, em 1657, passou à condição de Vila e finalmente Cidade em 1842.
O historiador Luis Roberto de Francisco falou ao Periscópio sobre a relação da fundação da cidade e Nossa Senhora da Candelária, sua padroeira: “todas as cidades antigas no Brasil começaram a partir de uma capela católica, até se tornarem freguesia, vila e cidade. É um processo evolutivo”, diz.
Ele relata que “naquele tempo – século XVII – não havia as celebrações como temos hoje, portanto as celebrações religiosas do calendário medieval eram públicas e realizadas pelo Estado. A festa da padroeira não era muito celebrada no século XIX. Acredito que no início do século XX, tempo do pároco padre Eliziário de Camargo Barros é que ela passou a contar com novena e grandes festas”.
Luis Roberto diz ainda que “a celebração da data de aniversário da cidade e a data de 1610 foram forjadas na década de 1920 por Francisco Nardy Filho, que juntou as duas coisas a partir da ideia de que a cidade teve início com a capela dedicada a esse orago e, portanto, pode ter havido uma missa ou celebração a ela dedicada em 1610… não há documentos a esse respeito, somente uma sugestão construída pelo Nardy. É o que temos”, conclui.
A atual matriz em honra da Virgem da Candelária foi inaugurada em 1780, sob a orientação do padre João Leite Ferraz. Foram várias reformas até chegar ao aspecto atual, sendo que dentre as reformas os consagrados arquitetos Ramos de Azevedo e Paula Souza atuaram.
Hoje, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária é a maior igreja de estilo barroco do Estado de São Paulo e em 1987, foi tombada pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. Pertence à Diocese de Jundiaí e está erguida na Praça Padre Miguel, no centro da cidade.