Aumento do valor financiado pelo FGTS pode estimular retomada do mercado imobiliário

Medida ajuda a reduzir o estoque de unidades de imóveis e contribui para a redução da taxa média de juros praticada atualmente

A elevação do teto do valor do imóvel financiado com recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e o ajuste para que todos os financiamentos pelo SFH (Sistema Financeiro da Habitação) incorporem a amortização dos juros e correção – de forma a não aumentar o saldo devedor ao longo do financiamento – pode ajudar, na expectativa do setor da construção, a reduzir a devolução de imóveis comprados na planta.

A medida anunciada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim de novembro atende à demanda antiga do segmento da construção. “É um sinal importante da sensibilidade do governo federal para a importância do mercado imobiliário, cujo reaquecimento pode trazer impacto positivo para a economia e a geração de emprego”, avalia José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

No momento em que as condições de financiamento do SFH estão um pouco mais flexíveis, com a possibilidade de queda nas taxas no mercado imobiliário, os riscos para o mutuário diminuem. Com a decisão do CMN, o teto do valor do imóvel que pode ser financiado com recursos do FGTS passou de R$ 750 mil (São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília) para R$ 950 mil. Nos demais Estados, passa de R$ 650 mil para R$ 800 mil.

O aprofundamento da crise fez com que os bancos restringissem a oferta de crédito. E o comprador, ao tomar o financiamento, assumia um valor da prestação que, com o tempo, passou a não caber no seu orçamento. Com as novas medidas, a expectativa do segmento da construção e do setor imobiliário é de que aumente a possibilidade de acesso ao financiamento, porque o mercado deve começar a operar com taxas mais condizentes com a renda das famílias.

Uma outra vantagem para o setor é que, com mais imóveis podendo ser enquadrados nos novos limites, aumenta-se a capacidade das construtoras de reduzir o número de imóveis prontos que hoje estão no mercado. “Quanto mais rápido você limpa a carteira das construtoras, mais rápido elas tendem a voltar a fazer investimentos em novos lançamentos para atender às faixas de mercado que demandam esses imóveis”, disse o economista da CBIC, Luis Fernando Mendes.