Casos de violência nas escolas estaduais repercutem

Os últimos dias estão sendo marcados por violências nas escolas estaduais. No início da semana passada, um vídeo que circulou nas redes sociais mostrou uma briga em frente à Escola Estadual “Anthenor Fruet”, situada no bairro Cidade Nova. No vídeo, é possível ver uma mulher segurando uma aluna, enquanto uma outra estudante a agredia.

Na terça-feira (28/03), na cidade de Salto, a Polícia Militar foi acionada para atender a uma ocorrência de um suposto ataque na Escola Estadual “Dolores Antunes da Silva”, no Jardim das Nações. A direção da instituição teria visto frases escritas nas paredes, que continham ameaças de ataques. Segundo a Polícia Militar, após buscas na escola, nada de irregular foi encontrado. Pais e alunos temiam que alguém estivesse portando arma de fogo ou faca dentro da instituição.

Já em Indaiatuba, na quinta-feira (30/03), um adolescente de 14 anos, estudante da Escola Estadual “Profª Suzana Benedicta Gigo Ayres, localizada no Jardim Morada do Sol, foi detido após ter ameaçado de morte seu professor. Ele ainda em uma outra ocasião, teria tentado atropelar o educador com uma bicicleta.

Antes, na segunda-feira (27/03), a maior das tragédias: quatro professoras e um aluno foram esfaqueados dentro da Escola Estadual “Thomazia Montoro”, na Vila Sônia, Zona Oeste de São Paulo. Uma das professoras, Elisabete Tenreiro, de 71 anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário da USP. O agressor, um aluno de 13 anos do oitavo ano na escola, foi desarmado por professoras, apreendido por policiais e levado para o 34° DP, onde o caso foi registrado.

Os casos preocupam a todos, incluindo pais e professores em Itu. A reportagem conversou com alguns deles. Um professor da rede estadual que atua em Itu e prefere não se identificar, desabafa. “Precisamos de projetos focados em segurança escolar. Hoje todas as escolas são vulneráveis e de fácil acesso, não podemos mais tratar isso de forma inocente”.

“Falo como pai, estou preocupado com meus filhos e alunos, o foco da escola é educar e lecionar, porém fica impossível lidar com terroristas, hoje é as assim que devemos ver essa categoria de assassinos, agem de surpresa e de forma covarde, o Brasil inteiro precisa acordar”, prossegue.

Professor da Escola Estadual “Francisco Nardy Filho”, Anderson Silva também se manifesta. “A violência escolar, com seus diversos tipos e níveis, é um dos grandes desafios a serem enfrentados dentro do nosso sistema educacional. Infelizmente, a escola que é responsável por ensinar e dar formação é a mesma que possui mecanismos de exclusão e seleção”, conta.

Para ele, a violência escolar precisa ser efetivamente combatida em todos os seus níveis, “pois afeta diretamente a qualidade de ensino e a vida de alunos, pais e corpo técnico pedagógico e pode chegar a níveis extremos com a ocorrência de tragédias”.

Já a professora Rita Diniz, diretora estadual e coordenadora da subsede de Salto da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), diz que não se pode achar que o problema da violência nas escolas pode ser resolvido apenas com física e presença de policiais.

“Claro que medidas de segurança são extremamente necessárias, mas só isso não basta, precisamos de medidas socioeducativas precisamos de profissionais especialistas nestas áreas atuando conjuntamente com os demais profissionais da Educação como psicólogos assistentes sociais, psicopedagogas, terapeutas, entre outros”. A educadora diz também que há necessidade urgente de um conjunto de medidas que trate do corpo, da alma e da mente dos nossos jovens e de suas famílias.

O Periscópio conversou também duas mães de alunos de uma escola estadual de Itu. “Atualmente tem segurança, na minha época não tinha tanta. Eu acho que eles têm muita segurança aqui. Eles também realizam reuniões combate ao bullying, é muito importante”, comenta Raquel Xavier de Campos, de 53 anos, cuja a filha cursa o 3º ano do Ensino Médio.

Mãe de duas estudantes, uma do 1º ano do Ensino Médio e outra do 2º ano do Ensino Médio, Patrícia Cunha, de 40 anos, relata. “Em comparação a outras escolas que minhas filhas já frequentaram a segurança é muito boa. Acho interessante que quando o aluno falta, a escola está mandando mensagem pra gente pra saber o que aconteceu”. Porém, Patrícia comenta que gostaria de um policiamento em frente à escola “para dar uma segurança ainda maior”.

Segundo a Polícia Militar, o policiamento de Ronda Escolar em Itu é realizado diariamente em todos os estabelecimentos de ensino e suas proximidades. A PM informa ainda que as equipes do patrulhamento, com o reforço do efetivo administrativo, também realizam pontos de estacionamento em frente às escolas a fim de prevenir ocorrências. O JP questionou também a Secretaria Estadual de Educação, porém não obteve um retorno até o fechamento desta matéria.