Cinerama: Holy Spider

Zar Amir Ebrahimi interpreta a jornalista que caça o assassino (Foto: Divulgação/MUBI)

Ankabut-e moqaddas, Crime/Drama, 2022 | Direção: Ali Abbasi | Classificação indicativa: 18 anos | Duração: 1h55 | Disponível na MUBI

Baseado em uma história real, “Holy Spider” – premiado filme do diretor iraniano Ali Abbasi – é um retrato nu e cru da misoginia e da hipocrisia de uma sociedade. O longa-metragem, que ganhou atenção do mundo na última edição do Festival de Cannes, na França, acompanha uma repórter em busca de um serial killer de prostitutas na cidade sagrada de Mexede, no Irã.

Vivida pela excelente atriz Zar Amir Ebrahimi, a jornalista Rahimi começa a perseguir o homem conhecido como “Assassino de Aranhas”, que ganhou fama nos início dos anos 2000 ao matar 16 garotas de programa. Boa parte do filme é ficcionalizada, mas a essência da história está lá. Abbasi mescla o real e a ficção, transformando a história num suspense interessante.

Já tinha ouvido um podcast sobre o caso e fiquei chocado, principalmente pelo fato de que o assassino não só ganhou notoriedade como também a simpatia de boa parte da população, que via em seus crimes a purificação das ruas de sua cidade.

Mesmo com momentos em que o ritmo da trama não colabora, “Holy Spider” consegue entregar um thriller empolgante apoiado pela grande interpretação de Ebrahimi (que foi premiada em Cannes) e também de Mehdi Bajestani na pele do criminoso.

Um filme forte e repleto de gatilhos, que deve ser especialmente mais impactante para espectadoras mulheres. Há quem possa se incomodar, classificando o filme como um “pornô da tortura”. Mas eu prefiro dizer que o filme é um alerta para os perigos da relação entre religião e estado, que deve ser evitada sempre.

Nota: ★★★★