Dia do Orgulho LGBTQIA+: Itu contra o preconceito

Na terça-feira (28) foi comemorado o  Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ (sigla que representa a evolução para designar diversas minorias sexuais e de gênero), data que tem como objetivo a reflexão sobre a igualdade de direitos entre as pessoas em qualquer situação, o respeito à diversidade e o combate a toda forma de discriminação e, em especial, à LGBTfobia.

Dra. Ana Flávia Toni é presidente da Comissão da Comissão da Diversidade Sexual e Gênero da OAB de Itu (Foto: Arquivo pessoal)

Para marcar a data, o Periscópio conversou com a advogada Dra. Ana Flávia Toni, presidente da Comissão da Diversidade Sexual e Gênero da subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Itu e que é homossexual. Criada em 2019 por iniciativa do Dr. André Sbrissa, atual presidente da OAB Itu, a comissão realiza diversas ações, como: presença em diversos eventos prestando atendimento e esclarecimentos à população em geral; participação em lives, webinares e congressos internacionais; reuniões com administração pública em especial a secretaria de saúde, buscando soluções para população LGBTQIA+.

Além disso, prestou consultoria e auxílio na elaboração da lei municipal que inclui a Semana de Diversidade no calendário de eventos do município de Itu; participação em debates e eventos em ambientes acadêmicos como cursos técnicos e superiores; elaboração  e realização de palestras para o corpo docente de escolas municipais e estaduais de Itu; e idealização e produção de vídeos orientando a população LGBTQIA+.

“A importância destes trabalhos se dá não só pela divulgação e propagação de informação sobre direitos da população LGBTQIA+, mas também para que as pessoas possam ver na OAB uma entidade acolhedora, assim como os advogados possam buscar respaldo da comissão quando se depararem com situações que possam fugir do seu círculo social e rotineiro, além de servir como  exemplo e inspiração de que independentemente de sexualidade ou gênero, pessoas LGBTQIA+ podem  estar em cargos e profissões que almejarem”, destaca a Dra. Ana Flávia.

A advogada destaca que o trabalho enquanto comissão “é preponderantemente voluntário.” Quem quiser entrar em contato para obter algum tipo de orientação, pode procurar através do e-mail comissaodadiversidade.oabitu@gmail.com ou do Instagram @diversidadeoabitu ou mesmo procurar a subseção da OAB de Itu. “O caso será direcionada a algum advogado ou mesmo encaminhada à nossa comissão”, diz Dra. Ana Flávia.

Reflexão

Diretor do Serviço Funerário Municipal de Itu e presidente do diretório ituano do PDT (Partido Democrático Trabalhista), Edmilson Martins vê em Itu ações importantes para o combate a LGBTfobia. “Diferente de outros municípios, onde este tema fica fora das pautas de Governo. E em Itu tivemos muitos avanços nos últimos cinco anos na gestão do prefeito Guilherme Gazzola (PL). A inclusão  da Semana da Diversidade LGBTQIA+ no calendário oficial dos eventos de Itu, através da lei 2.128 de 30 de setembro de 2019, é o maior exemplo disso”, diz ele, homossexual assumido.

Edmilson Martins é diretor do serviço funerário de Itu e presidente do diretório municipal do PDT (Foto: Arquivo pessoal)

Edmilson, que já passou por preconceitos, aproveita para deixar uma mensagem. “Penso que todos nós temos condições de chegar onde quisermos. Para isso, primeiro temos de ter foco! Sonhar, planejar e trabalhar muito para tornar do sonho a realidade! Nada cai do céu! Nada é fácil, principalmente para nós LGBTs, pois sabemos que existe muito preconceito conosco, mas é preciso de ter  persistência, humildade e fé. Assim você  consegue ir cada vez mais longe atingindo seus objetivos”, destaca.

Rebeca Nunes Steiner deixa uma mensagem de conscientização e de basta no preconceito (Foto: Arquivo pessoal)

A publicitária Rebeca Nunes Steiner, que se descobriu homossexual aos 18 anos de idade, também falou ao JP. “A minha aceitação foi bem tranquila, nunca senti vergonha por ser quem sou. E acho que isso se deu muito por causa do ciclo de amizades que eu tinha na época, que já era bem diverso; outros amigos bem próximos também eram LGBTQIA+, muitos assumidos, então isso me ajudou a entender que a homossexualidade é algo normal. Eles foram os primeiros para quem eu me assumi”, afirma.

Rebeca destaca que contou com o apoio da família, porém, ao analisar Itu em termos de conscientização e ações para o combate da LGBTfobia, é categórica. “Itu ainda é uma cidade muito conservadora, infelizmente. E é dominada por pessoas conservadoras, que não se permitem evoluir, e a cidade ainda tem a forte influência da igreja também, que, por mais irônico que seja, é a comunidade que mais ataca e reprime a diversidade. Ainda há muito o que se fazer para combater o preconceito em Itu”, declara.

Alyne Gabriela Goés é mulher trans e também pede o fim do preconceito (Foto: Arquivo pessoal)

A publicitária aproveita para deixar uma mensagem. “O caráter de uma pessoa está acima de qualquer orientação sexual, cor, raça, crença religiosa, etc. Viva a sua vida sem julgar e prejudicar outras vidas e você já estará fazendo um bem enorme para o planeta. Estude, leia, questione tudo, permita-se rever conceitos e mudar de opinião. Acredito muito que o estudo é uma poderosa arma na luta contra qualquer tipo de discriminação e preconceito. E lembre-se: o que nos incomoda no outro diz muito sobre nós mesmos!”.

Cabeleireira, Alyne Gabriela Goés é mulher trans e faz questão de deixar claro para a sociedade: “Para de associar ser trans em ter nascido no corpo errado! Não existe corpo certo, não existe corpo errado! Existe uma realidade diferentes de corpos e não estar 100% satisfeita com alguma parte dele não é coisa exclusiva de pessoas trans. Para de tentar definir nossas realidades”. “Ser trans não é só colocar uma veste feminina e dizer que virou mulher, ser trans é ser mulher, se comporta como mulher, botar pra fora. Todos nós conseguimos chegar a lugares que nem nos mesmo sonhamos e esperamos, basta você acreditar e seguir em frente”, conclui.