Dia Mundial Contra o Câncer é lembrado hoje

É lembrado em 04 de fevereiro o Dia Mundial do Câncer, uma iniciativa global da UICC – União Internacional para Controle do Câncer, com apoio da OMS – Organização Mundial da Saúde. O objetivo da data é aumentar a conscientização e a educação mundial sobre a doença. Procura também alertar governos e cidadãos, para que se mobilizem pelo combate e controle do câncer.

Atualmente a doença leva a óbito 7,6 milhões de pessoas a cada ano, sendo que desse total, quatro milhões têm idade entre 30 e 69 anos. Se medidas urgentes não forem tomadas visando aumentar a conscientização e desenvolvimento de estratégias para lidar com a doença, a previsão é assustadora: em 2025 seis milhões de mortes prematuras ocorrerão por ano em todo o mundo. Acredita-se que atualmente 1,5 milhão de mortes poderiam ser evitadas com medidas adequadas.

À reportagem do Periscópio, a Prefeitura de Itu, por intermédio da Secretaria de Saúde, informa que oferece aos pacientes serviços de prevenção e diagnóstico de câncer nas Unidades Básicas de Saúde, no Centro de Referência da Mulher, no Ambulatório de Especialidades Médicas e Ambulatório de Moléstias Infecciosas. 

Informa ainda que os exames para confirmação de casos suspeitos – devido aos investimentos em equipamentos para diagnósticos de imagens, ao serviço do laboratório anatomopatológico e à estrutura do Hospital Municipal –, são realizados em Itu e com brevidade. Em casos de confirmação do câncer, o paciente de Itu é encaminhado para o serviço de saúde pública em Sorocaba ou Jaú onde realiza o tratamento específico.

A administradora Flávia Guerreiro, 36 anos, tem um relato emocionante sobre sua batalha e a vitória que vem conquistando sobre um câncer de mama. Um depoimento que você confere na íntegra a partir de agora:

A descoberta é sempre um momento muito difícil. Escutar que você tem câncer é como abrir um buraco no chão, porque é algo que SEMPRE nos remete à morte. Estamos acostumados a ver e ouvir que câncer mata. Então, para mim foi bem difícil assimilar a doença e, também, o tratamento e todos os seus efeitos colaterais. O meu diagnóstico foi em novembro de 2021, senti um nódulo na minha mama direita, logo abaixo da axila. Fui ao médico e depois de alguns exames, ele pediu uma biópsia, que constatou o câncer de mama. 

Flávia Guerreiro, conforme diz o nome, não baixa a guarda e não se vitimiza. Segue a vida (Arquivo Pessoal)

Rapidamente comecei meu tratamento, em janeiro de 2022. Fiz 16 sessões de quimioterapia (12 semanais e 4 quinzenais), a parte mais temida. Por fim, o que me causava medo foi mais “tranquilo” do que imaginei. Sempre pratiquei exercício físico, e continuei durante o tratamento, mesmo nos dias das sessões. Questionei minha oncologista se seria necessário parar o kickboxing, modalidade que já praticava há 4 anos, e ela me disse que não, que ao contrário, o exercício me ajudaria durante todo o processo. A gente tem a impressão de que a vida tem que entrar em standby com o câncer, que o tratamento vai nos privar de tudo, que vamos ficar debilitadas, dependentes, carecas etc., porque é isso o que a gente sabe do câncer, mas não foi bem assim. Eu, Flávia, decidi que não seria assim, que tentaria ao máximo manter minha rotina de trabalho, exercício físico e vida social. Nunca “escondi” que estava tratando um câncer, mas muita gente ficava espantada quando eu contava ou quando contei nas redes sociais que estava terminando o ciclo de quimioterapia, por estar “bem”. Acontece que eu não tive efeitos colaterais como náusea, vômito e tampouco fiquei careca, e acredito que o exercício físico foi fundamental para evitar esses efeitos colaterais. 

Além disso, optei por utilizar a touca crioterápica durante as infusões da quimio para evitar a queda de cabelo e, para mim, funcionou muito bem. Meu cabelo caiu bastante, sim, mas não cheguei a ficar careca e isso foi muito importante para mim. Porque por mais que saibamos que cabelo cresce (risos), para nós mulheres esse é um ponto que aflige bastante. Já é difícil lidar com a doença, passar a imagem de doente é ainda mais. Acho importante que, principalmente, as mulheres saibam que existe essa possibilidade, além de procurar todo o apoio de profissionais especializados em oncologia que possam orientar em como amenizar todos os efeitos, tanto físicos quanto emocionais desse processo, como nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta etc. é muito, muito importante!

Ao fim da minha quimioterapia, chegou a hora da cirurgia. Naquele momento, o tumor tinha regredido pela metade com a quimioterapia e, por se tratar de um tumor relativamente pequeno, não foi necessária a mastectomia – que consiste na retirada total da mama –, somente o quadrante onde estava localizado o tumor e o esvaziamento da axila para a retirada de linfonodos comprometidos. Fiz a cirurgia em 1º de julho de 2022 e em 30 dias já estava de volta ao tatame para treinar e até conquistar minha faixa marrom no kickboxing. 

Por se tratar de um câncer de mama triplo negativo – o termo câncer de mama triplo negativo refere-se ao fato de que as células cancerígenas não têm receptores de estrogênio ou progesterona e não produzem a proteína HER2, ou seja, não é hormonal –, fiz ainda uma quimioterapia oral por mais 8 ciclos (tomava 7 comprimidos ao dia por duas semanas e “folgava” 1 semana) finalizada no último dia 8 de janeiro. No dia 6 de fevereiro, finalizo a radioterapia, depois de 18 sessões diárias. Ufa!

Acho importante dizer às pessoas que estão nesse momento de descoberta que o câncer não é uma sentença de morte, e nem paralisa a nossa vida, e apesar de ser um processo longo e difícil, a vida está aí para ser vivida. Uma doença não determina que estamos morrendo, afinal, todos estamos todos os dias, mas escolher viver da melhor maneira é uma boa forma de encarar tudo na vida. Foi como escolhi enfrentar essa batalha.

Atendimento

É muito importante que as pessoas procurem sempre realizar consultas de rotina, pois o câncer, quando é diagnosticado previamente, tem grandes chances de cura. Em referência ainda ao diagnóstico precoce, há vários casos em que as pessoas lutam e, com tenacidade e determinação, vencem a doença.

Em Itu há também algumas clínicas especializadas como a OncoItu (Rua Euclides de Marins Dias, 102, Vila Nova) e Neo Onco (Rua Pernambuco, 632, Bairro Brasil), por exemplo, que além de terem médicos especializados também fazem um trabalho de primeira linha, também oferecendo o acolhimento, que é muito importante não apenas para os pacientes, como também seus familiares. É enfim, um tratamento humanista.

Há em Itu, também, o + Vida Centro de Apoio ao Portador de Câncer, uma Organização Não Governamental – ONG que desde 2005 acolhe as pessoas em tratamento. Há, também, uma unidade do IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, que funciona em espaço anexo à Santa Casa de Itu, com serviços de ambulatório e quimioterapia.