Entrevista: prefeito fala sobre a Saúde

Por André Roedel

Guilherme Gazzola: “A saúde pública de Itu é, comparativamente, uma saúde boa”

O prefeito Guilherme Gazzola recebeu a reportagem do Periscópio na manhã da última segunda-feira (27/01). Na oportunidade, ele concedeu uma extensa entrevista fazendo um balanço de seus três anos de gestão, ponderando o cenário atual e projetando ações para o futuro da cidade.

Em uma conversa franca, Gazzola não teve papas na língua e falou sobre diversos pontos de interesse do cidadão. A entrevista será dividida em temas, sendo “saúde” o primeiro. Ele traçou um panorama para a área e criticou o atendimento do Hospital São Camilo.

A entrevista foi feita antes da live em que o prefeito divulgou novidades e planos, como pode ser lido na edição anterior. Nas próximas edições do JP, o leitor poderá conferir mais assuntos tratados. Confira a primeira parte:

JP: Hoje, qual o panorama que o senhor faz da saúde de Itu?

Gazzola: Você tem que fazer uma análise, porque saúde vai ser sempre um problema para qualquer cidade, para qualquer governo. Nós vamos fazer uma análise em função do que nós encontramos. Em termos do que encontramos, nós temos ganhos significativos. Por exemplo, Itu hoje tem um hospital municipal, que nunca existiu em sua história. Itu hoje tem um centro de diagnósticos. As pessoas não precisam sair da cidade para fazer alguns exames mais elaborados. Itu, hoje, tem as unidades básicas de saúde que fazem o atendimento muito mais significativo numericamente. Foram reformadas unidades, transferidas algumas para pontos mais bem estruturados, como o AEM (ambulatório de especialidades médicas). E sempre lembrar que, cada vez mais, a Prefeitura assume obrigações que são do Estado. Por exemplo, as cirurgias de alta e média complexidade não são nossa responsabilidade. As consultas de especialidade não são. O hospital não é. E tudo isso Itu assumiu, para não desamparar o cidadão. Nós gastamos só em atividades que não seriam da Prefeitura R$ 32 milhões ao ano. Então se for comparar a saúde, não só com a saúde que nós encontramos, com a saúde das outras cidades, nós tivemos uma evolução significativa. Tem muito para ser feito, mas comparativamente nós evoluímos bastante.

JP: O que é esse “muito a ser feito” e o que pode ser feito a curto prazo?

Gazzola: Muito a ser feito é porque saúde é uma coisa ilimitada. A sociedade hoje envelhece, então você aumenta a demanda de forma significativa, da mesma maneira que você vai ganhando sobrevida, o cidadão normal, você também vai ganhando novos “clientes” para a rede de saúde. Então sempre você vai ter que correr atrás. E é a ciência que mais evoluí. A ciência da biologia humana. Cada vez tem mais tratamentos sofisticados, mais diferenciados, e a medicina vai se tornando mais cara. Em contrapartida, existem dois fatores importantes. O Estado e a federação cada vez saem mais disso e jogam a responsabilidade no município, sem financiar, e nós temos um outro fator, que é o desemprego no Brasil de forma significativa. As pessoas perderam os seus convênios, e aumentaram a demanda da rede pública. São questões muito delicadas de se lidar. A saúde vai ter sempre um olhar especial.

JP: Esse assunto foi debatido no encontro com a deputada Janaina Paschoal, inclusive sobre a vaga CROSS. O que o senhor tem a dizer sobre aquele debate e as declarações dadas?

Gazzola: Eu acho muito importante esse debate, porque se fosse uma municipalização eu estaria feliz. Porque a municipalização inclui repasse de recurso. É simplesmente um não-fazer do Estado. Nós assumimos obrigações que não são nossas. A vaga CROSS, se você for avaliar ela sob o aspecto técnico, ela tem fundamento. O problema é que ela ainda não está suficientemente organizada para atender as demandas. E falta um trabalho de comunicação melhor para as pessoas. As pessoas têm que entender que a vaga CROSS coloca cada uma delas nos melhores centros daquela respectiva especialidade. O problema é a demora. Em relação ao Hospital São Camilo, a nossa posição sempre foi de descontentamento em relação com a postura que ele tem com a cidade de Itu. Por isso que, em vez de reclamar, nós fizemos um hospital próprio, que nem seria nossa responsabilidade. Isso é uma questão muito importante a ser colocada. E, no meu modo de entender, o Hospital São Camilo, que é estadual, deixa muito a desejar no seu atendimento em relação aos pacientes ituanos.

JP: Recentemente foi divulgado um balanço positivo de atendimentos do Hospital Municipal. O que o senhor avalia desses números?

Gazzola: São números muito positivos. Tudo isso que nós divulgamos era simplesmente aquilo que não era feito. Então tivemos um ganho extra para a cidade de Itu. Você chegar a mil cirurgias e 6 mil exames em menos de um ano é um ganho significativo. E eu sempre digo o seguinte: convido as pessoas que tenham alguma dúvida a entrar nas nossas páginas, ver a qualidade daquilo. Hoje nós temos um tomógrafo, um ultrassom, um raio-x dos mais modernos. Os números são robustos, são de impressionar qualquer pessoa da área pública. As pessoas que vêm de fora e se deparam com isso têm um impacto muito positivo. O que nós precisamos hoje na saúde é divulgar mais o que ela tem, entender mais algumas demandas e fazer com que as pessoas façam comparativos. Por exemplo: faça um comparativo com planos particulares. Eu tenho certeza hoje que a nossa unidade de pronto atendimento, a nossa velocidade de marcação de consulta é muito melhor que muitos planos particulares. Nós temos que sair dessa síndrome de vira-lata de achar que porque é público, não é bom. A saúde pública de Itu é, comparativamente, uma saúde boa.

Um comentário em “Entrevista: prefeito fala sobre a Saúde

  • 05/02/2020 em 06:59
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    Esse é o (des)governo que superficialmente parece agradar a todos, mas não agrada.
    1 – No funcionalismo acabou com as carreiras, promoções, retirada de direitos, pois como exemplo hoje as mulheres, no ITUPREV, que tem 30 anos de contribuição e 51 anos de idade ou menos que 55 anos tem que trabalhar mais tempo, apenas para esperar a idade;
    2 – Zoonoses só faz castração de animais fêmeas, por contenção de verbas? ZOONOSES É PRIORIDADE e precisa se interagir com grupos de protetores de animais nas redes sociais que fazem boa parte do trabalho. Precisa ampliar as verbas e mais serviços ativamente, contendo abandono e descasos;
    3 – Cirurgias ortopédicas estão paralisadas, pois há anos há centenas de ituanos na fila do AME, direcionados, sem conclusões das cirurgias;
    4 – O UPA não segrega urgência de atendimento normal, impondo a todos a mesma fila, gerenciados por seguranças, sem experiência e sem conhecimento médico;
    5 – A frota de veículos não tem controle de uso e percurso e caronas vedadas;
    6 – Os centros de conciliação de tributos é custoso e dispendioso, cobrando sempre os mesmos devedores, gerando gastos e mais gastos;
    7 – Diversos pontos reincidentes de débitos de IPTU, grandes propriedades desleixadas, já deveriam ser alvos de função social da propriedade, para uso comum, primeiro por que gerariam menos gastos e alguns casos geraria novos contribuintes, em dia, do IPTU, ao invés de cobrar e cobrar e não receber;
    8 – A educação municipal se arrasta com professores com menores vencimentos da região e não há valorização dos professores mais capacitados, como disse: Carreira do funcionalismo em geral patina e não retém talentos e não há oxigenação na rede de gestores, diretores, coordenação.
    9 – Não há programas de geração de novos empregos e ruas e bairros da cidades sem emplacamentos, sem sinalização, sem urbanismo;
    10 – O mercado municipal, inaugurado para fechar, só foi reformado meio lado, não havendo reforma nos box frontais, internamente, quando poderia ter sido colocado uma ampla cobertura de policabornato em todo pátio, constituindo um centro de eventos das 07 as 20 horas todos os dias, como ocorrem em Ribeirão Preto. VISITE LÁ PREFEITO.
    Não há local de acomodação do turista, que fica vagando pelas ruas, sem sentido, sem um banheiro público confortável, limpo, com local para descansar as pernas, afinal diversos são idosos e precisam se abrigar da chuva, do sol, etc.
    Há muito que melhorar, mas é preciso investir em pessoas e parar com esse modismo de alugar casarões velhos para manter renda e socializar o dinheiro público.

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