Espaço Acadil: Aos companheiros do outro barco, uma reflexão 

A tarefa da evangelização, dura, difícil e perigosa como a pescaria de Pedro, hoje acabou se tornando até dolorosa. É que o mar virou ameaçador e poluído; e o lago está em tempestade permanente…

Não, não se trata de lançar a rede ao lago, a fim de que fique superlotada de peixes, confiando apenas na fertilidade das águas. 

Na prática, porém, quem está ditando todas as leis é o individualismo mais desenfreado.

Não se trata de afastar o ser humano de sua justa luta pelo progresso e pelo bem-estar. Trata-se de persuadi-lo a voltar-se para Cristo: a lutar com Ele; a sonhar com Ele; a esperar e a amar com Ele; a viver, a morrer e a ressuscitar com Ele. 

Mas bem sabemos que os modelos, os heróis e os deuses produzidos pela sociedade do consumo trajam vestes mais esplendorosas e mais fascinantes do que as de Cristo…

Por isso, aqui estamos nós, frágeis evangelizadores da era das comunicações, a fazer sinais aos “companheiros do outro barco”, aos jovens que remam sozinhos contra a corrente do mal.

Se eles ainda acreditam que a mensagem de Cristo pode endireitar os rumos do mundo, venham ajudar-nos a lançar e puxar as redes! Para quem tiver a ousadia de arriscar, há sempre um lugar em nosso barco. Bem ao lado de Cristo…”

Esta mensagem, sempre atual, por si só, já nos leva à reflexão de onde estamos hoje e para onde queremos ir. Copiei-a do Boletim nº 06, do Seminário Litúrgico-Catequético, de 04 de fevereiro de 2001. Foi escrita pelo Pe.Virgílio. 

Achei-a tão profunda e clara, que a leio sempre, para compreendê-la cada vez mais, e melhor. 

O Padre Virgílio nos fala do Cristo, mas não só do Cristo Católico. Nos chama a atenção para seu significado maior: Desenvolvimento, com bondade; Bem-estar, com partilha; Competição, com respeito profundo ao adversário, e a mão sempre estendida; Palavra certa, mas não aquela na qual só nós acreditamos; Do perdão, que redime, que torna o ser humano humilde, para colocar-se no mesmo nível da companheira e do companheiro, perdidos no mares do infortúnio.

Enfim, nos fala a todos, aos católicos, mas também aos espíritas, crentes, ateus, evangélicos, budistas, mórmons, nos convidando à reflexão sobre nossa forma de pensar e, principalmente, de agir.

Será que os resultados que nossa alma colhe no final de cada dia estão nos mostrando que, realmente, estamos recebendo este Cristo em nosso coração, e tentando, ao menos tentando, fazer com que esta mensagem seja uma realidade, mais que uma mera possibilidade? 

Será que não estamos pregando, trabalhando, estudando, pesquisando, educando, fazendo política, em nome de um ensinamento cristão, que na realidade não passa de um mero capricho de nosso egoísmo e de nossa vontade de sermos “os melhores”, sempre e sempre, e a cada dia mais?

Acho que esta ponte entre os barcos deve ser restabelecida, e rapidamente.

Vale a pena refletir!

Poeta Sidarta Martins
Cadeira Nº 20 I Patrono Luiz Gonzaga Moraes