Espaço Acadil: Pedras Preciosas

Ditinha Schanoski
Cadeira nº 19 I Patrono Dr. Benedito Motta Navarro

Falando sobre a vida e a morte, uma amiga comentou comigo a história que se movimentava no casulo. Alguém, para ajudá-la, cortou-a. Na falta da experiência que lhe era necessária, o ajudante impediu-a de voar para sempre. Ele naturalmente quis ajudá-la.

Veio-me à lembrança a Maria Izabel, amiga querida e de saudade tanta!

Foi uma amizade de mais de quarenta anos.

Viveu intensamente sua vocação matrimonial, criou oito filhos; rompeu o casulo e voou para os braços de Deus, junto à Virgem Maria.

A morte de um ente querido nos obriga a uma reflexão. A vida se comunica conosco de várias formas mandando recados que, se atendidos, nos ajudam a viver melhor. Com a morte da minha amiga lembrei-me muito de meus pais (que também voaram para os braços de Deus). Como dói…

Podemos estar rodeados de colegas, companheiros, familiares, porém, não menosprezando ninguém, é pouquíssimo o amigo verdadeiro, esses são verdadeiras Pedras Preciosas.

Uma boa amizade é mais do que uma irmã, é mais do que uma amiga, é a metade do nosso coração.

Volto agora ao túnel do tempo. Chamam a isso de ‘saudosismo’ sei lá, mas gosto de rememorar e é sempre com emoção que abro as janelas do passado para olhar o que ficou para trás.

Uma pequena historinha.

Eram dois amigos boêmios e a noite para eles, como dizia, “a noite é uma criança”. Como todos bons boêmios, sentados à mesa de um bar, eles compunham letras de músicas que ainda fazem o maior sucesso.  Isso aconteceu por vários anos para alegria dos frequentadores dos barzinhos do Rio de Janeiro. Em pouco tempo formou-se uma bela ‘plêiade’ de músicos e cantores amadores e até profissionais do ramo. Tornou-se,’ assim, o ponto de encontro dos futuros artistas.

Aconteceu que um dos amigos veio a óbito repentinamente, sem antes deixar uma recomendação ao grande amigo que jamais deixasse de entusiasmar as rodas de samba e a incentivar os novos talentos. E que ele cuidasse de sua carreira e não deixasse a ‘gagueira’ inibir seu sucesso musical, ‘gagueira’ esta que o acometia durante sua vida.

Acho que vocês já perceberam de quem estamos falando: do cantor e compositor Nelson Gonçalves. As novas gerações não o conheceram, nem, tampouco, sabem do sucesso que até hoje faz com suas músicas, um de seus estilos MPB, samba-canção e mais…

Uma amizade bonita e sincera e o cantor das multidões, Nelson Gonçalves, presta uma homenagem (in memoriam) ao amigo de todas as horas, compondo a letra dessa música: “Naquela mesa está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim”.

Assim, Nelson Gonçalves prestou homenagem ao amigo que morreu e sabe-se lá o que foi que aconteceu que o Nelson deixou de gaguejar. Brincadeira? Há quem diga de pé junto que isso é fruto da imaginação. Prefiro acreditar na mãozinha que Jesus deve dar lá de cima.

Recorro a São Tomás de Aquino. “Uma boa amizade quando compartilhada, diminui a dor e a tristeza.” É isto! E viva a música brasileira!