Indígenas em Itu: cultura, trabalho e desafios na cidade
Por Cristina Simionato
Na cidade de Itu a cultura indígena encontra um espaço para se adaptar e se manter viva, apesar dos desafios. Ronildo Marcolino, indígena que reside na região, compartilha sua experiência sobre a forma como busca uma vida melhor e como preserva suas tradições no meio ao ambiente urbano.
“Temos um potencial muito grande, que é a parte do artesanato e as danças que muitas pessoas não conhecem”, afirma Ronildo. O indígena destaca, ainda, a importância de buscar alternativas de sustento devido à poluição, ao desmatamento e à escassez de recursos naturais, como caça e peixes. Para isso, explora seus talentos no artesanato e nas danças, trazendo à tona aspectos pouco conhecidos de sua cultura. Ele trabalha, com a família, em locais como o Parque Maeda e a Fazenda Chocolate, contribuindo para o turismo local.
Adaptar-se à vida na cidade é um desafio. Enquanto nas aldeias o foco é o trabalho manual de caça e pesca, na cidade, os indígenas precisam ajustar sua rotina e habilidades. Ronildo ressalta que, apesar dessa transição, eles alugam casas e vivem integrados à sociedade ituana, ao mesmo tempo em que compartilham sua cultura e a mantêm viva.
A educação também é um aspecto crucial. Nas aldeias, as escolas oferecem ensino de português e matemática, mas com um diferencial: ensinam a língua e a cultura indígena para preservar suas tradições ancestrais. É uma forma de garantir que uma nova geração não perca sua identidade.
No entanto, o preconceito persiste. Muitas pessoas ainda têm visões equivocadas sobre os indígenas, associando-os a estereótipos ultrapassados. A sociedade contemporânea, marcada pelo avanço tecnológico e pela internet, trouxe mudanças profundas, mas isso não significa que os indígenas estejam isolados no mato. Pelo contrário, eles estão se adaptando e participando ativamente da vida urbana.
A luta contra o preconceito se estende à identidade indígena. Para algumas visões limitadas, se um indígena domina a língua portuguesa, utilizando-a de acordo com as dinâmicas sociais, ele é desconsiderado como indígena. Ronildo critica essa ideia, destacando que os indígenas são capazes de viver harmoniosamente na sociedade, preservando suas raízes culturais.
“Não acredito que a dificuldade esteja apenas em um Estado ou lugar, porém, a maior dificuldade é a inserção e adaptação do indígena atualmente, porque mesmo que ele estude, faça faculdade, ele sempre terá uma dificuldade maior, pois, é um mundo diferente que ele terá que lidar”, afirma.
A simplicidade é uma característica marcante na vida indígena. Ronildo observa que a busca pela paz na simplicidade, como a conexão com a natureza, é uma característica compartilhada por muitas pessoas, mesmo na cidade.
“As pessoas estão em uma falsa comodidade da cidade, querendo ou não, todo mundo procura uma paz na simplicidade, como uma mata, um rio, uma cachoeira”. Manter as tradições em um mundo cada vez mais tecnológico é um desafio, mas os indígenas se esforçam para equilibrar suas raízes com as demandas da vida moderna.