Pedro Armênio: uma trajetória de amor à música em Itu
A história da música em Itu é muito rica e parte dela se confunde com a trajetória de Pedro Armênio, de 95 anos de idade. Nascido no município no dia 18 de maio de 1928, Pedro dedicou grande parte de sua vida à Corporação Musical União dos Artistas. Influenciado por um vizinho, ele ingressou na banda aos 16 anos de idade, apreendendo e passando a tocar trombone.
Na corporação musical, Pedro permaneceu por 68 anos, sendo 26 deles também exercendo a função de tesoureiro. Pedro, que exercia a função por amor, também ajudou a formar gerações de outros músicos de destaque, como Davi Marangoni (que anos mais tarde chegou a ser maestro da Banda União), Eduardo Freire, João Verderi, Nahor Gomes (casting de músicos do “Rei” Roberto Carlos), entre outros, sendo professor tanto na Banda União quanto na Corporação Nossa Senhora do Carmo.
Sobre lembranças de décadas integrante a Banda União, Pedro comenta. “Muita coisa marcou. Quando conseguimos o título de melhor banda civil do Brasil foi um sucesso [1964]. Fizeram até carreata”, recorda. “Antes, recebemos o título de ‘A melhor banda do Interior’ [em 1959]”. O músico lembra ainda de outro momento marcante, ocorrido em 1972, no Pará. “Fomos convidados pelo presidente da República na época, o General Médici, para que nos apresentássemos na inauguração da Rodovia Transamazônica”.
Pedro, que exerceu diversas atividades profissionais, como varredor, chefe de expedição e eletricista, entre outras, afirma que nunca pensou em ganhar dinheiro com a música. “Nunca cobrei nada, ensinava porque tinha prazer em ensinar”.
Ao falar sobre ensinamentos, Pedro Armênio revela. “O melhor professor que eu tive, que eu considero até hoje, foi Isaias Belcufiné [que por anos foi maestro da Banda União]. Inclusive participei da comissão que instalou o busto dele na Praça da Matriz. Era o maestro, um cara que ensinava a respeitar, ensinava a educação e música como se manda o figurino e o que eu aprendi com ele eu passei para os outros. Ele foi um senhor maestro”.
Em junho deste ano, durante o concerto especial de aniversário da Banda União dos Artistas de Itu, Pedro foi homenageado, recebendo todo o carinho dos atuais integrantes da corporação e também do público presente, que durante anos habitou-se a prestigiá-lo. “A Banda União não sai das minhas lembranças. Às vezes a gente está sozinho assim e começa a lembrar de passagens”, emociona-se o músico.
DNA musical
A música parece estar no DNA da família. Neto de Pedro, Alexandre Armênio Mazzuco é gaitista, enquanto a sobrinha-neta, Gabriele Armênio, mais conhecida como Gabi Armênio, é cantora. Também neto de Pedro, Rodrigo Armênio Mazzuco fala com orgulho do avô.
“Meu primeiro incentivo musical foi o meu avô. Quando a gente era pequeno ele falava pra gente ir lá aprender. Toquei clarinete e atualmente toco violão e tambor. Fico muito feliz que o meu avô iniciou grandes músicos da cidade”, orgulha-se.
Viúvo de Cremilde Correa Armênio [falecida em 1992], Pedro possui quatro filhos (Sueli, Maria do Carmo, Cremilde Maria e Pedro Júnior), cinco netos (Alexandre, Rodrigo, Bruno, Juliana e Manoella) e uma bisneta (Olivia). Com uma vida dedicada à música e à família, Pedro conclui o bate-papo. “Sempre tive muitas atividades, por isso, cheguei aos 95 anos”, diverte-se.
Deixo aqui meu abraço e respeito ao amigo músico Pedro Armênio pela sua dedicação à Corporação Musical União dos Artistas e pelos ensinamentos musicais a vários alunos. Que seu exemplo sirva de modelo a todos. Obrigado Pedro Armênio. J. Tabajara Santos