“Precisei provar que era competente”, diz Maria do Carmo Piunti

Na semana do Dia Internacional da Mulher, vereadora comenta as dificuldades do gênero no mundo político


Pouco mais de trinta anos depois do primeiro trabalho como vereadora, Maria do Carmo Piunti (PSC), que também foi deputada estadual de 1995 a 2003 e primeira-dama de Itu, é a única representante mulher do legislativo no atual governo. Na semana do Dia Internacional da Mulher (8 de março), ela falou ao JP sobre as dificuldades do gênero na política.

Questionada sobre a pequena quantidade de mulheres na vida política, a edil levanta três pontos: o machismo, a má imagem do universo político e a falta de tempo das mulheres por conta de uma possível dupla jornada de trabalho. “A política é vista por muitos como um espaço obscuro, como um jogo de interesses em que não é saudável participar”, explica.

Maria do Carmo também afirma que, para que haja mais mulheres lutando na política, “é necessário que o homem seja consciente e ajude na divisão de tarefas e responsabilidades no âmbito doméstico”. Além disso, a própria mulher precisa perceber que “a transformação da sociedade depende da política, por isso a importância de participar”, reflete.
Propostas

Maria do Carmo Piunti entende que, na atual situação do país, especialmente de Itu, o cumprimento dos direitos referentes à população feminina deve ser o foco. “A participação da mulher na sociedade vai crescer quando ela tiver tranquilidade para exercer sua cidadania”, explica a vereadora.

Com uma situação financeira digna e uma assistência na área da saúde, a mulher consegue ter a segurança de que o filho terá uma vaga na creche e na escola. “Como pode a mulher querer encarar a difícil vida pública se não tem onde deixar seu filho pequeno? Já terá dificuldades em conseguir um espaço no mercado de trabalho e não terá praticamente chance alguma de se envolver politicamente”, argumenta a edil.

 

Combate ao machismo

A Organização Internacional Plan fez uma pesquisa intitulada “Por ser menina no Brasil: crescendo entre direitos e violências”, que ouviu meninas de 6 a 14 anos nas cinco regiões do país e constatou uma desigualdade gritante na distribuição de tarefas domésticas entre meninas e meninos. Segundo o estudo, 81,4% das meninas relataram que arrumam a própria cama, tarefa que só é executada por 11,6% dos meninos. 76,8% das meninas lavam a louça e 65,6% limpam a casa, enquanto apenas 12,5% dos irmãos lavam a louça e 11,4% limpam a casa.

A pesquisa demonstra que o machismo começa na educação dentro de casa. De acordo com Maria do Carmo, esse enfrentamento ao machismo precisa partir das mulheres, “pois elas são mais de 50% da população, e praticamente são elas que educam os outros 50%, visto que na maioria das vezes são as responsáveis pela educação dos filhos”, conclui.