Presente: Companhia Ituana de Saneamento será inaugurada hoje

“Periscópio” entrevistou o diretor superintendente da nova autarquia pública, que explicou como será a operação dela na cidade

 

André Roedel

 

Uma das promessas de campanha do prefeito Guilherme Gazzola (PTB) sai do papel na tarde de hoje (2), aniversário de 407 anos de Itu: a remunicipalização dos serviços de água e esgoto. Isso será conseguido com a CIS (Companhia Ituana de Saneamento), nova autarquia que será inaugurada em solenidade às 14h, na ETA (Estação de Tratamento de Água) do bairro Rancho Grande.

O “Periscópio” entrevistou na tarde da última terça-feira (31/01) o diretor superintendente da CIS, Vincent Menu (que é formado em Engenharia de Materiais pela Ecole Centrale de Paris, na França, e atua há cerca de 20 anos no setor de saneamento no Brasil e no exterior), que explicou alguns detalhes sobre o funcionamento da mesma, além de apresentar um panorama de como encontra os serviços.

“Em regra geral, todas as instalações, principalmente eletromecânicas, estão em uma situação um pouco precária. Nos últimos anos os operadores tiveram pouco cuidado com as instalações, até com manutenção insuficiente. Então estamos em uma situação que precisa de uma recuperação ampla”, comenta o superintendente da CIS, que desde ontem (1º) já responde oficialmente pelos serviços na cidade.

Vincent também afirmou que houve preocupação com a continuidade dos serviços que, até então, vinham sendo oferecidos pela EPPO Águas. “A gente teve a preocupação de manter as pessoas que estavam trabalhando até hoje lá para que não tenha interrupção no abastecimento”, explica. “Se você trocar todo mundo na mesma hora, é certeza que a água não será tratada”.

O superintendente explicou ainda que a CIS está selecionando um parceiro para recontratar todas as pessoas que foram demitidas pela EPPO. “Por meio desse parceiro nós vamos recontratar todo mundo. Isso vai ser uma terceirização emergencial e o mais rápido possível nós vamos iniciar os procedimentos para fazer os concursos públicos e colocar as pessoas dentro da autarquia mesmo”.

Ainda segundo Vincent, a diretoria da CIS é nomeada. Além dele, ela conta com Ricardo Zorzon como diretor administrativo.

 

Novas contas

 

Vincent também explicou quando serão emitidas as novas contas de água. “As primeiras contas que vão sair com o nome da CIS serão emitidas este mês. Nós vamos começar a leitura amanhã (ontem), mas, por questões práticas, a gente não vai, no primeiro mês, fazer a entrega da conta simultânea com a leitura. Então as primeiras contas devem chegar às casas das pessoas na segunda quinzena de fevereiro”.

A CIS vai refazer todos os convênios bancários para que o consumidor possa pagar as contas em débito automático. Enquanto isso, o pagamento pode ser feito nas lotéricas e nas agências da Caixa Econômica Federal.

 

Recuperação de estrutura

A CIS também deverá recuperar e colocar para funcionar efetivamente estruturas como a Adutora Mombaça e a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) do Pirajibu – esta última está quase concluída, faltando apenas 5% de obras. “São itens que vamos colocar no nosso plano de investimentos emergenciais. Fizemos a primeira reunião do comitê de direção da CIS. Foram pontuadas as principais emergências e todas elas aparecem”, relata.

Vincent aponta ainda que outro problema que precisa de atenção mais célere é o abastecimento de água no Pirapitingui (que, segundo ele, é mais crítico do que no Centro). “Não vamos resolver tudo de imediato, ter um abastecimento perfeito nos próximos meses, mas vamos tentar fazer coisas que vão amenizar e melhorar a situação do abastecimento do Pirapitingui”.

 

Transição

 

Para Vincent, a transição entre EPPO Águas e CIS foi tranquila. “A gente conseguiu as informações que precisava, tivemos carta branca para entrar nas instalações. Fizemos até um acordo para eles continuarem fornecendo os elementos principais que precisamos e, em troca, nós vamos ajudá-los com as cobranças das contas a receber. Então foi feito de uma forma pacífica e tranquila”.

 

Reinvestimento

 

O prefeito Guilherme Gazzola, que também acompanhou a entrevista, declarou que quer que a CIS reinvista seu superávit no próprio sistema de tratamento de água e esgoto, não como o antigo SAAE fazia – chegando até a emprestar dinheiro para suprir necessidades da Prefeitura. “A CIS já estará investindo na cidade se ela investir no que interessa a ela. Mas emprestar dinheiro para a Prefeitura não está em nossos planos”, comentou o chefe do Executivo municipal.

 

2014 não mais

 

Finalizando a entrevista, Vincent informou que a gestão dos recursos hídricos nos últimos anos não foi bem feita, o que gerou a situação crítica recente. Outro ponto crítico na cidade é o índice de perda de água tratada. “São valores que a gente só tem uma estimativa, mas que estão em torno de 50% a 60%”, declara. Questionado se a crise de 2014 pode se repetir, o superintendente foi bem claro. “Podemos ter problemas ainda, mas não vai acontecer nesse nível”, garante.