“Retratos Fantasmas” é escolhido para representar o Brasil no Oscar de 2024

Sessão de lançamento de “Retratos Fantasmas” no Teatro do Parque, no Recife, na data em que o espaço completava 108 anos, em 24 de agosto deste ano (Foto: Divulgação)

A Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais anunciou ontem (12) o filme “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho, como o representante do Brasil na disputa por uma vaga ao Oscar de melhor filme internacional no Oscar 2024.

O filme escolhido concorria com outros cinco, que haviam sido pré-selecionados pela Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais entre 28 longas brasileiros. Também estavam competindo por uma vaga os filmes “Estranho Caminho”, de Guto Parente; “Noites Alienígenas”, de Sergio Carvalho; “Nosso Sonho – A História De Claudinho E Buchecha”, de Eduardo Albergaria; “Pedágio”, de Carolina Markowicz; e “Urubus”, de Claudio Borrelli.

“Foi uma reunião democrática, representativa em uma comissão ampla. A diversidade e qualidade dos filmes nos levou a três horas de debate até chegarmos ao título escolhido”, disse Ilda Santiago, presidente da comissão de seleção, por meio de nota.

“Retratos Fantasmas” traz o centro da cidade do Recife/PE como personagem principal, revisitado através dos grandes cinemas que serviram como espaços de convívio durante o século XX.

O diretor Kleber Mendonça Filho

Ter sido escolhido como o representante brasileiro ao Oscar não significa que o filme já terá garantida uma indicação ao prêmio. Cada país indica um filme como seu representante para a disputa. O Oscar analisa essas indicações e faz uma pré-seleção, que será anunciada no dia 21 de dezembro. O anúncio oficial dos filmes que, de fato, vão concorrer ao principal prêmio do cinema mundial será feita no dia 23 de janeiro de 2024. Já a cerimônia que premia os melhores filmes do ano está marcada para acontecer no dia 10 de março de 2024.

Esta é a segunda vez que o diretor Kleber Mendonça Filho tem um filme seu escolhido para representar o Brasil no Oscar. Em 2013, a Academia Brasileira de Cinema já havia indicado “O Som ao Redor” para a disputa, mas o filme acabou ficando de fora da lista divulgada pelo Oscar. Ele também é conhecido por filmes como “Bacurau” e “Aquarius”.

Histórico

O último filme brasileiro a ganhar uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro foi “Central do Brasil”, de Walter Salles, em 1999. No entanto, o último filme brasileiro a ser indicado ao Oscar, mas na categoria de melhor documentário em longa-metragem, foi “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que concorreu em 2020.

O primeiro filme brasileiro a concorrer na categoria de melhor filme estrangeiro foi “O Pagador de Promessas”, do saltense Anselmo Duarte, que já havia conquistado a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Isso foi em 1963. Antes disso, “Orfeu negro”, dirigido pelo francês Marcel Camus e baseada na peça Orfeu da Conceição, do poeta brasileiro Vinícius de Moraes, concorreu e venceu a categoria de melhor filme estrangeiro em 1960. No entanto, a aclamada coprodução franco-ítalo-brasileira premiou apenas a França, representante oficial do longa, apesar de quase todos os atores e locações serem brasileiros.

Depois vieram “O Quatrilho”, de Fábio Barreto (1996); “O Que É Isso, Companheiro?”, de Bruno Barreto (1998); e “Central do Brasil”, de Walter Salles (1999). Nenhum deles foi premiado. O Brasil também obteve diversas indicações ao Oscar por outras categorias como animação, canção, atriz, direção, fotografia e roteiro adaptado, entre outros. Mas o mais famoso prêmio do cinema mundial nunca escolheu o Brasil como vencedor. Agência Brasil


Sobre o filme
Ao longo de 1h33 e reunindo imagens de arquivo, fotografias e registros em movimento, “Retratos Fantasmas” busca explorar a história do centro da cidade, contada a partir das salas de cinema que movimentavam a população e ditavam comportamentos. Tendo levado sete anos para a sua conclusão, o documentário marca o retorno de Kleber ao Festival de Cannes – após vencer o Prêmio do Júri, em 2019, com “Bacurau”. Tratando do desenvolvimento urbano acelerado, o filme segue o ponto de vista da janela da casa do diretor, onde morou por vários anos.