Confira entrevista com o prefeito eleito de Itu, Herculano Passos

“Eu quero agradecer a todos que votaram e não votaram, porque eu vou ser o prefeito de todos e vou atender todo mundo”, afirmou Herculano (Foto: André Roedel)

Na última terça-feira (08), o prefeito eleito Herculano Passos (Republicanos) recebeu a reportagem do JP para conceder uma entrevista após a vitória nas urnas no domingo (06). O político foi eleito para seu terceiro mandato como prefeito, com 28.189 votos (33,67% dos votos válidos). Na conversa, Herculano falou sobre a campanha, propostas, papel da filha Juliana Passos como vice e a situação jurídica. 

Herculano reafirmou compromissos de campanha, afirmando que vai fazer com que nossa cidade se desenvolva, “trazendo oportunidade de trabalho para as pessoas, atraindo empresas para melhorar a qualidade de vida através do desenvolvimento”. 

Também se comprometeu com melhorias na saúde (troca da administração da Santa Casa e construção de mais uma UPA) e na questão hídrica, diminuindo as perdas nas tubulações, reformulando a CIS e finalizando a barragem do Rio Piraí – tópicos que ele já havia abordado na sabatina do JP na campanha. Confira os principais trechos da conversa:

JP: Gostaria que o senhor comentasse os desafios da campanha e como foi receber a vitória nas urnas.

O desafio na campanha foi grande, porque todos os candidatos, principalmente o candidato do prefeito, o Gilmar [Pereira], o Matheus [Costa] e o Rodrigo [Moraes] bateram muito em mim a campanha toda. Eu fui alvo de ataque. E eu não falei nada de ninguém, não critiquei ninguém. Só critiquei o governo, que eu entendo que foi o pior da história de Itu. E a urna mostrou isso, porque terminou em quarto colocado com pouquíssimos votos, usando a máquina como ninguém. Isso mostra o desgoverno da nossa cidade e o povo pedindo mudança. E nós representamos a mudança, porque foi um comparativo de um governo com o outro, quem foi melhor e quem pode ajudar nossa cidade futuramente. Vencemos todos os obstáculos, inclusive com ligações de fake news nos últimos dias dizendo que não podia votar em mim. Isso foi disparado em rede e prejudicou muito a nossa campanha. Muita gente ficou em dúvida em votar ou não e perdemos muitos votos no final da campanha por causa desse governo que prega a fake news e usa a máquina indevidamente para campanha eleitoral. Nós brigamos contra todos. E agora, nesse momento de vitória, é agradecer a todos que votaram em mim, e dizer que nós iremos fazer o nosso governo e com certeza tudo que nós combinamos na campanha e prometemos, nós vamos trabalhar e vamos realizar. 

JP: Na eleição deste ano, nós tivemos mais de 37 mil abstenções. Somando com brancos e nulos, mais de 46 mil pessoas não escolheram nenhum dos cinco candidatos. O que isso mostra aos políticos de Itu?

O povo não está contente com a política ituana, principalmente nesses últimos oito anos que o prefeito ficou perdendo muito tempo em perseguir pessoas, em atrasar a cidade perseguindo empresários e deixando a cidade no estado que está. Então o povo ficou desiludido e não foi votar. Mas também isso é meio que histórico em Itu, muita abstenção não só em Itu como no Brasil todo. Mas aqui é um pouco mais, porque nós estamos vendo o desgoverno de nossa cidade e isso aborrece as pessoas. As pessoas ficam irritadas com os políticos, porque o político atual, ao invés de ele governar para o povo, trabalhar e entregar serviços com um orçamento relativamente alto – porque nós deixamos alto, trouxemos empresas e o desenvolvimento -, não entrega o que deveria entregar de benefício para o povo, que fica revoltado. Isso reflete nas eleições. O desgoverno de Itu reflete muito na abstenção, e a gente fica muito chateado com isso porque o eleitor deve votar, precisa escolher e eu acho que isso prejudicou muito a cidade em relação à democracia. Eu critico esse governo porque foi o pior da história de Itu e a gente vê ele aí falando mentiras. É uma pessoa que inventa histórias, que prega fake news e que dentro da Prefeitura distribui fake news para todo lugar. Isso aí aborrece muita gente, que fica revoltada.

JP: Como o senhor analisa a nova formação da Câmara de Vereadores? Seu grupo elegeu apenas três vereadores, mas há espaço para diálogo com os demais eleitos?

Eu tenho muita confiança de que a Câmara, a grande maioria, vai estar do nosso lado, porque sem a Câmara é difícil a governabilidade. E eu quero ter a governabilidade. Vou ligar para todos os vereadores eleitos e conversar com eles neste momento que antecede a posse. Nós vamos participar da diplomação, depois a posse e eu vou tentar trazer a maior parte dos vereadores para a base do nosso governo, porque a eleição já passou, as divergências políticas já aconteceram e agora nós temos que pensar no bem e no futuro de nossa cidade, e com certeza a gente tem que ter esse diálogo com a Câmara, para que a gente tenha uma base boa e sólida para poder governar nossa cidade com respeito. Logicamente vai ser a vontade de cada um, cada um tem o seu mandato que é legítimo e foi dado pela população e cada um vai fazer o que quiser, mas eu, com certeza, vou conversar com todos os eleitos, independente de partido político e o que fizeram na campanha, porque ela já passou e agora a cidade quer desenvolver, e está confiante naqueles que foram eleitos, que é o prefeito os vereadores. Nós vamos trabalhar nesse sentido, fazer uma política do bem para que nossa cidade progrida, desenvolva e todo mundo seja vencedor. 

JP: O senhor já tem conversado com nomes do seu secretariado? Já tem previsão de quando anunciar os nomes?

Eu já tenho alguns nomes escolhidos, que eu já tinha pensado, mas eu não falei com ninguém com relação a isso, porque, graças a Deus, eu não tenho compromisso com nenhum político em relação à equipe que vamos montar. A responsabilidade é inteirinha minha, porque eu vou montar o time de acordo com o que entende que é melhor para a cidade. Vamos trabalhar na questão técnica, em primeiro lugar, e em segundo lugar na política. Se a pessoa tiver capacidade técnica, é o primeiro requisito que a gente vai observar. E também tem que ser político e de confiança, que é o mais importante, porque a gente quer ter responsabilidade com a nossa cidade. Estamos montando a nossa equipe, devagarinho a gente vai escolhendo, conversando com as pessoas e encaixando, porque nossa equipe vai ser completamente a mudança do que foi. Não estaremos com ninguém do atual governo ao nosso lado, até porque é bem claro que eu fui crítico a esse governo, um governo fracassado, e que a gente vai trazer pessoas do bem para governar essa cidade.

JP: O senhor falou em confiança. Foi essa confiança que levou o senhor a indicar a sua filha Juliana para vice? Queria que o senhor comentasse o papel dela na administração e se é possível a gente projetar, no futuro, uma liderança política nova.

Ela foi a pessoa que eu sempre entendi ser politizada, que me ajudou muito na campanha conversando com as pessoas. Não apareceu muito na campanha porque, até por escolher ela, todo mundo observou que a campanha era focada no meu nome e toda a responsabilidade de tudo foi em cima de mim. A Juliana, como não tem como criticá-la pela vida dela, que é uma empresária bem-sucedida, ajudou muito na campanha fazendo o corpo-a-corpo, conversando com as pessoas e em todo lugar que ela passou ela levou a sua mensagem, o seu carisma. É uma pessoa carismática, uma pessoa do bem e que com certeza vai ajudar muito em nosso governo. Ela vai participar efetivamente da nossa administração. Agora, a questão política futura, isso a gente vai ver o resultado de acordo com o desempenho dela, porque ela sempre esteve nos bastidores nas campanhas minhas e da Rita, e a gente sempre observou nela uma liderança, uma pessoa formadora de opinião, que realiza coisas importantes e que vai ajudar muito a gente com o relacionamento que ela tem no meio empresarial para trazer empresas para a nossa cidade, ajudar nesse sentido. Isso vai ser fundamental e importante também.

JP: Na campanha, o senhor falou muito em abrir as gavetas da Prefeitura e mostrar o que o prefeito atual teria a esconder. O que o senhor espera encontrar nessas gavetas?

Não sei se vou conseguir abrir gaveta, porque eu pedi a transição e ele negou. Esse prefeito negou a transição, ele não vai fazer a transição. Então, ele está queimando todo o arquivo, rasgando papel e todos os sistemas ele está mexendo para que a gente não possa abrir a gaveta. Então ele já está se blindando, porque um cara que não aceita uma transição é porque tem muita coisa errada. A corrupção existe nesse governo, e muito. Eu sei, mas preciso provar. E para provar, preciso puxar a gaveta. Mas ele está se blindando em todos os aspectos. [Nota do editor: na quinta-feira (10), o prefeito Guilherme Gazzola (PP) disse que haverá transição. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos]

JP: Ainda há uma questão jurídica contra o senhor em relação à impugnação de campanha. O que o senhor diz ao eleitor que votou no senhor para confiar que será mantido esse mandato, que não vai ter nenhum problema com eleição futura?

O eleitor pode confiar que nós vamos nos diplomar e nos empossar e vamos governar. Com isso vocês podem estar tranquilos porque estou muito tranquilo com esses aspectos. [Nota do editor: o julgamento da inelegibilidade de Herculano começou a correr no Tribunal Regional Eleitoral na semana passada, mas desembargadores pediram vistas e, por isso, ele acabou adiado. Também vamos acompanhar o desenrolar dos fatos]

JP: Por fim, uma mensagem ao eleitor em geral, até mesmo o que não votou no senhor do que esperar desse mandato.

Eu quero agradecer a população ituana. Aqueles que votaram em mim e aqueles que não votaram, que escolheram outras opções. Mas podem confiar que eu vou governar para todos e vou trabalhar pela nossa cidade. Hoje, com muito mais experiência do que eu tinha quando fui prefeito, muito mais relacionamento político na esfera estadual e federal. Sou amigo pessoal do governador [Tarcísio de Freitas], tanto que eu fui o único que apoiou o governador no primeiro turno aqui em Itu, e ele teve mais votos do que todos os candidatos ao governo juntos. Estou no partido do governador, ontem [dia 7] conversei com o braço direito dele, que é o secretário Arthur Lima, que resolve tudo na Casa Civil. Ele ligou para mim e para Rita, parabenizando a nossa eleição. O governador também. Então a gente está muito tranquilo em relação a esse contato político que nós temos, e que com certeza vai beneficiar muito a gente. Os projetos que nós estaremos apresentando aqui em Itu, vamos levar na esfera estadual e federal para trazer os recursos e desenvolver a nossa cidade. Eu quero agradecer a todos que votaram e não votaram, porque eu vou ser o prefeito de todos e vou atender todo mundo, como eu sempre fiz na Prefeitura. Não vai ser uma Prefeitura fechada, vai ser aberta ao povo. Porque lá é a casa do povo e a gente vai estar aberto ao diálogo com todos os veículos de comunicação, o povo em geral, a sociedade civil, aos políticos na Câmara. Nós queremos um diálogo aberto, franco, para que a gente possa trabalhar pela nossa cidade.

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