Em Itu, exposição exalta a importância da mulher na ciência

Fernanda Morais e Ana Paula Sbrissa destacam a importância de se compartilhar histórias de mulheres na ciência para a sociedade (Foto: Daniel Nápoli)

Neste domingo (11) é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência e, para marcar a data, nesta semana a reportagem do JP esteve no Museu da Energia de Itu, local em que desde o dia 14 de dezembro acontece a exposição “Liberdade, Mulher e Ciências”, em parceria com o Museu Catavento, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do estado de São Paulo, por meio do Programa Conexões Museus-SP.

A exposição, que ficará instalada até dezembro deste ano, é composta por questionamentos e dinâmicas. Através de acervos, pesquisas, narrativas, fotos e dinâmicas, a curadoria compartilhada apresenta ao público reflexões sobre a presença feminina nas Ciências e os desafios e preconceitos enfrentados por ela, visando à desconstrução de padrões definidos e exclusões.

O desenvolvimento da mostra ocorreu em  quatro etapas: processo de pesquisa, curadoria compartilhada, programa educativo e projeto expográfico. Com partes dinâmicas, o percurso expositivo acontece no térreo do museu e leva os visitantes a reflexões e diálogos sobre as relações entre Ciência, sociedade e gênero, tendo as mulheres e sua atuação no campo científico como centro. Para isso, oito painéis interativos, estatísticas, perguntas e um espaço instagramável integram a mostra.

Na exposição, os visitantes podem conhecer mulheres que ocupam laboratórios, empresas e museus. Da mesma forma, as histórias e trajetórias dessas profissionais se tornam inspiração para mais mulheres e meninas. Essa parte da exposição toca também nas questões de estereótipos e apresenta nomes e imagens de mulheres importantes tanto no campo científico quanto social e político, como Enedina Alves Marques, primeira engenheira negra do Brasil; Patricia Bath, oftalmologista e inventora da sonda Laser Phaco, usada para tratar catarata; e Antonieta de Barros, jornalista, professora, política e uma das primeiras mulheres eleitas no Brasil e a primeira negra brasileira a assumir um mandato popular.

Na parte externa do museu, o público pode, ainda, fazer fotos junto a um painel com mulheres em pé e sentadas, possibilitando registros em uma área instagramável.

Ana Paula Sbrissa, coordenadora do Museu da Energia de Itu, comenta a respeito da importância da exposição. “Foi um trabalho muito bacana. Pra gente também foi um processo de muitas descobertas e a ideia é compartilhar através da exposição, da mediação, do material educativo de fazer com que as pessoas desvinculem a imagem de cientista de homens.”

“Automaticamente quando pensamos em cientistas, o senso comum é você lembrar do [Albert] Einstein como cabelo bagunçado e a língua pra fora. Com essa exposição, o museu cumpre a sua função social e educacional ao proporcionar aos visitantes em geral, principalmente o público escolar essa possibilidade das meninas vislumbrarem o campo da ciência”, acrescenta Ana.

Fernanda Morais, coordenadora de Educativo dos Museus da Energia [Itu, São Paulo e Salesópolis], reforça a importância da mostra. “Quando estamos falando em mulheres na ciência, não estamos falando de ontem, estamos falando de mulheres que estão há séculos desenvolvendo pensamento científico e que estão à sombra de homens. Quando estávamos na escola, não tínhamos acesso a histórias de mulheres cientistas. Quantas de nós poderia ter ido para a ciência se tivessem com o devido estímulo?”

“É importante pensar que para muitas dessas novas gerações, ter acesso a histórias de mulheres cientistas pode ser fonte de inspiração e de realização profissional”, destaca Fernanda que acrescenta. “Ter uma exposição que traz de uma perspectiva leve, divertida, mas que nos dá essa compreensão do papel da mulher na construção do saber científico e principalmente na invenção de diversos produtos que nós usamos cotidianamente na nossa casa e que são mulheres que inventaram”.

“O nome da exposição começa com Liberdade e não é à toa. Se nós não tivermos processos emancipatórios para essas mulheres ao longo do tempo e que permaneçam em constante resistência, nós não temos espaço para que elas possam criar, desenvolver, revolucionar o mundo”, conclui Fernanda.

A mostra “Liberdade, Mulher e Ciências”, assim como outras exposições e ações do Museu da Energia, podem ser conferidas de terça a sábado, das 10h às 17h. Moradores de Itu são isentos de pagamento (desde que apresentem comprovante de residência); escolas públicas também tem entrada gratuita, porém necessita agendamento para visita; estudantes que residem em outras cidades pagam R$ 5,00 e demais pessoas de outros municípios pagam R$ 10,00.

O Museu da Energia de Itu está localizado na Rua Paula Souza, 669, Centro. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail itu@museudaenergia.org.br ou pelo novo telefone (11) 2429-3035.