Quase um ano depois, obras seguem gerando transtorno na Mal. Deodoro

Construtora teria ficado de documentar compromisso em reformar casa afetada, porém, de acordo com proprietária de imóvel, não foi feito mais contato (Foto: Daniel Nápoli)

Em 20 de julho do ano passado, o Periscópio noticiou a respeito das obras de construção de um supermercado que ocupará parte da Rua Marechal Deodoro, além da Rua Sete de Setembro e a Avenida Otaviano Pereira Mendes, no Centro de Itu, causando transtornos para moradores da primeira via.

Na época, a professora Cássia Toledo, moradora de um imóvel que fica exatamente ao lado da obra, relatou que a mesma teve início no dia 8 de julho, sem aviso prévio. A previsão de inauguração do supermercado era novembro de 2022.

“Esse terreno ao lado ficou abandonado por muito tempo e quando começou a ficar limpo e entrar máquinas para tirar o entulho, eu percebi que vinha alguma coisa grande. Procurei o proprietário do terreno e recebi a informação de que seria construído um centro comercial, mas que quando a obra fosse realmente efetivada e aprovada eu receberia a visita de um perito para fazer o laudo cautelar”, afirmou a professora na oportunidade.

O Periscópio esteve presente na residência, de propriedade dos irmãos de Cássia, Célia e Ricardo Toledo, e constatou diversas rachaduras em diferentes partes do imóvel e, após questionar o Grupo Pão de Açúcar, responsável pela contratação da obra, a reportagem foi informada por meio de nota que “após tomar conhecimento das queixas de vizinhos da unidade que está sendo construída na Rua Marechal Deodoro, em Itu, se prontificou a averiguar a situação. A construtora [Klar Construtora], que está conduzindo a obra, está em contato direto com os moradores da região para realizar os reparos nas residências. A rede permanece acompanhando de perto o andamento da situação junto à construtora, e lamenta os transtornos causados”.

Rachadura em imóvel começou a ser medida em 16 de julho do ano passado e só faz aumentar (Foto: Divulgação)

Porém, de acordo com Cássia, em nova reportagem publicada pelo JP em 19 de outubro de 2022, não era isso que estava ocorrendo. “De concreto, no dia 31 de agosto, o dono da construtora veio aqui acompanhado do engenheiro, eu estava acompanhada da minha advogada, conversamos e eles se ofereceram novamente para reformar a casa naquilo que foi causado pela obra”.

Segundo a professora, com o laudo estrutural e o laudo de vizinhança, o proprietário da construtora analisou o que poderia ser responsabilidade da construtora e o que seria desgaste mesmo da residência e teria sido acordado que seria feita uma planilha detalhada com o que realmente seria feito em termos de obras, de reforma.

“Tudo isso eles falam que vão arrumar assim que a obra do supermercado fique pronta, mas até aí, tudo foi falado. Nessa reunião eu perguntei quando que teremos isso formalizado, um documento. Garantindo que o trabalho será feito, ele disse que seria feito esse novo relatório e eu passaria para os meus irmãos, mas não veio mais ninguém conversar comigo”, explicou à época.

Cássia tinha sido informada ainda que, no dia 16 de setembro do ano passado, havia

sido mudado o engenheiro responsável pela obra e que ela teria que aguardar mais um pouco para uma posição. “No dia 19 veio um outro pessoal entregar um laudo cautelar de vizinhança igual ao primeiro, porém mais nada foi feito”.

Sem solução

Quase um ano depois, a situação não teve solução. Célia Toledo, proprietária do imóvel afetado, procurou a reportagem do JP e relatou que rachaduras na casa só fizeram aumentar. “Parece que ninguém se importa. Vão esperar a casa cair? Vão esperar uma tragédia acontecer? O Grupo Pão de Açúcar não faz nada, a construtora sumiu e o proprietário do terreno em que a obra ocorre, também não faz nada”, desabafa.

Ainda segundo Célia, a casa está abalada estruturalmente e o fluxo de veículos diário na rua faz com que o medo de uma tragédia seja constante. Na semana passada, uma obra de recapeamento na rua, trouxe ainda mais preocupação.

A reportagem do Periscópio novamente esteve presente no imóvel e constatou um aumento considerável nas rachaduras e notou que a trepidação na rua está fazendo com que portas abram sozinhas. Um desnivelamento no chão da casa também pode ser notado.

Diante da situação, o JP questionou novamente o Grupo Pão de Açúcar, a Klar Construtora e também questionou a Apparício Participações Ltda. Em nota, o Grupo Pão de Açúcar informa que está construindo uma nova unidade na região central de Itu, com o seu conceito mais atualizado e foco em perecíveis.

“Desde que tomou conhecimento das demandas dos vizinhos da futura unidade, a rede tem buscado uma solução junto aos envolvidos. Após avaliação de um grupo técnico, foi constatado que não há patologias estruturais que comprometam a segurança do imóvel. Não obstante, a rede está buscando a melhor forma de reparar os danos, em prazo que será alinhado junto aos moradores do imóvel”, esclarece em nota.

“Em relação ao andamento das obras, a rede informa que a construção ficou temporariamente paralisada, porém, reforça que manteve o monitoramento de segurança e acompanhamento do lote e irá retomar as obras com força total em breve. A rede segue trabalhando ativamente para entregar à vizinhança, ainda este ano, mais uma loja com o melhor que o Pão de Açúcar tem a oferecer, somando às duas outras unidades que já tem na cidade de Itu”, conclui.

Até o fechamento desta matéria, a Klar Construtora e a Apparício Participações Ltda. não retornaram o contato da reportagem.